O parlamento finlandês confirmou, esta terça-feira, a nomeação de Sanna Marin, de 34 anos, primeira-ministra, tornando-se na mais jovem da história do país a ocupar o cargo.
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"Nunca penso na minha idade ou género. Penso nas razões que me trouxeram à política e nos motivos com que ganhei a confiança do eleitorado." O cartão-de-visita é de Sanna Marin, finlandesa de 34 anos... e primeira-ministra.
"Temos muito trabalho pela frente até recuperar a confiança", afirmou na noite em que foi indigitada pelos parceiros de coligação, numa conferência de imprensa em que evitou sempre referir-se à idade, um número que não é a única particularidade da líder social-democrata da Finlândia. É a mais jovem chefe de governo na história da Finlândia e a mais jovem, em funções, de todo o mundo. Mas há mais.
Numa entrevista ao jornal finlandês Helsingin Sanomat , a agora primeira-ministra explicou porque é vista como uma líder da ala esquerda do Partido Social Democrata (SDP). "Vim de uma família pobre e não teria acesso aos meios para subir na vida sem o Estado Social e o sistema de educação finlandês. Vim de uma família arco-íris e isso significa que igualdade e direitos humanos são importantes para mim", afirmou Sanna, a primeira pessoa da família a frequentar o ensino universitário.
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Nascida em 1985 em Helsínquia, cedo se mudou com a família para Tampere, a terceira maior cidade da Finlândia, onde se licenciou em Administração Pública.
Em 2005, e com a licenciatura concluída aos 20 anos, chega o momento em que a política entra na vida de Sanna Marin. Dois anos depois candidata-se, sem sucesso, à Câmara de Tampere. Cinco anos depois, em 2012, venceu. Tinha então 27 anos.
Em 2015 tornou-se deputada. Uma mistura de firmeza, simpatia e carisma levou-a a ascender rapidamente nas estruturas do SDP até chegar à vice-presidência do partido, em 2017, que era então liderado pelo ex-sindicalista Antti Rinne.
No início da campanha eleitoral, em abril passado e com Rinne convalescente de uma doença grave, Marin assumiu firmemente as rédeas do SDP até que o líder social-democrata se recuperasse completamente e conduzisse o partido à vitória nas legislativas. O líder não se esqueceu dela e chamou-a para ministra dos Transportes e Comunicações. Ficou seis meses no cargo, os mesmos que durou o Governo.
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Marin foi a primeira pessoa a mostrar-se disponível para suceder a Antti Rinne na chefia do Governo, pouco depois de o primeiro-ministro apresentar a demissão.
A queda de Rinne obrigou o SDP a eleger um novo candidato a primeiro-ministro para salvar a coligação de centro-esquerda e evitar eleições antecipadas. A escolha do SDP recaiu sobre Marin, que numa votação renhida bateu o líder parlamentar social-democrata Antti Lindtman. Mas antes do Governo chegou a maternidade.
Há 22 meses (fevereiro de 2017), Sanna foi mãe de uma bebé com quem protagoniza várias fotos do Instagram. Entre elas está uma em que aparece a amamentar e com a legenda "Esta semana, a mais pequena comeu quase sem interrupções. Isto é: mal temos dormido. Consegui dormir, uma noite, quando a bebé e o pai ficaram em casa da minha mãe."
https://www.instagram.com/p/BfVlKVzDHe6/
São postspouco ortodoxos para candidatos a primeiro-ministro, mas o Instagram de Sanna está a conseguir captar a atenção dos mais jovens, o que ajuda a explicar o sucesso eleitoral.
Ecologista, feminista e defensora dos direitos das minorias sexuais, cresceu numa família formada pela mãe e pela companheira, décadas antes de a lei finlandesa reconhecer o casamento homossexual. Os pais divorciaram-se quando Sanna era ainda muito jovem e a mãe, com quem cresceu, manteve desde então uma relação homossexual.
Em entrevista ao site Mensiset, a primeira-ministra falou dos estigmas que enfrentou. "Sentia-me invisível por não poder falar abertamente sobre a minha família", disse, acrescentado que a mãe tinha sido desde sempre um apoio que a fez acreditar que podia alcançar tudo o que quisesse.
Sanna Mari toma posse enquanto decorrem greves em algumas das maiores empresas da Finlândia. A Confederação das Indústrias Finlandesas estima que as perdas ascendam aos 500 milhões de euros.
O SDP está em queda nas sondagens , que dão a vitória ao partido populista dos Verdadeiros Finlandeses, mas os analistas não esperam mudanças radicais nas políticas do governo escandinavo composto por sete ministros e 12 ministras, entre as quais Katri Kulmi que, com 32 anos, vai liderar as Finanças do país.
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Às dúvidas levantadas, Marin não respondeu na conferência de imprensa após a indigitação, mas deixou algumas pistas: "Agora é tempo de olhar em frente, mas temos um programa de governo conjunto."