Judeus alvo de "desumanização". Israel alerta para aumento dos atos antissemitas em 500%
A enviada especial de Israel para o combate ao antissemitismo sublinha que é preciso "reconhecer que a mesma desumanização" que permitiu que judeus fossem assassinados, é agora usada "contra o Estado judaico".
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O Estado de Israel organizou esta segunda-feira um debate com o lema "Nunca mais, nunca mais é agora", numa altura em que a delegação israelita nas Nações Unidas estima que o número de atos antissemitas no mundo aumentou 500%.
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A enviada especial de Israel para o combate ao antissemitismo, que foi uma das vozes mais críticas, comparou os ataques de 7 de outubro àquela que ficaria conhecida como a Noite de Cristal.
"No momento em que marcamos os 75 anos da Noite de Cristal, o 7 de outubro representa, para o nosso mundo, o mesmo que essa noite e dá-nos a oportunidade e responsabilidade de agir para pudermos prever e evitar o que aconteceu depois dessa Noite de Cristal", defendeu.
Defendendo que, mais uma vez, o silêncio é ensurdecedor, Michal Cotler-Wunsh recordou o 9 de novembro, um dia marcado por uma onda de violência dos nazis contra os judeus, que ficou conhecido como a Noite de Cristal. Ainda assim, a enviada especial garante que o resultado do conflito entre Israel e o Hamas não vai ser igual ao do passado.
"Nunca mais, para nós, significa que nunca mais ficaremos indefesos. Que nunca mais esperaremos que nos venham salvar, mesmo que tenhamos todos de morrer a fazê-lo. Nunca mais os judeus serão massacrados e uns anos mais tarde vão perguntar como é que foi possível. 2023 não é 1943. Agora temos um Estado Nação, temos soberania e uma força de defesa", sublinha.
Michal Cotler-Wunsh, que criticou duramente o secretário-geral da ONU, por considerar que António Guterres não condenou a ação do Hamas, refere que o "Nunca Mais" pode voltar a acontecer, se as semelhanças do processo não forem reconhecidas.
"Para evitar que tudo se repita, temos de reconhecer que a mesma desumanização, a mesma deslegitimação e os mesmos dois pesos e duas medidas, que permitiram que assassinasse e queimassem judeus, são agora usados contra o Estado judaico", aponta.
A israelita, defensora dos Direitos Humanos, deixa ainda um aviso à comunidade internacional, de que a História pode mesmo repetir-se.
"Nós podemos ser os canários colocados nas minas, mas as minas vão desabar todas. A História repete-se e, neste momento de Noite de Cristal, que foi o 7 de outubro, se não reconhecermos que este é o momento de dizer 'Nunca Mais', então não estaremos a falhar ao Estado judaico, mas a toda a nossa humanidade".