Um juiz espanhol proibiu hoje o ex-tesoureiro do PP de sair do país sem autorização judicial, por receio de fuga, depois de o arguido no processo Gurtel ter tentado explicar a procedência de 33 milhões de euros em contas suíças.
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Luis Bárcenas foi ouvido durante mais de três horas pelo juiz Pablo Ruz, a quem garantiu não haver qualquer vínculo entre esses fundos e o partido para o qual trabalhou até recentemente.
Nas declarações que prestou em tribunal -- foi a quinta vez que foi ouvido no âmbito deste processo - Bárcenas explicou que os fundos procederam dos seus «acertos» em negócios em bolsa, compra e venda de obras de arte e operações imobiliárias.
A fortuna, entretanto, disse, ficou reduzida para 22 milhões, porque os seus sócios retiraram parte dos fundos.
Um recente relatório policial coloca em causa estas explicações, mas Luis Bárcenas voltou a declarar estarem na origem da sua fortuna.
Como exemplos citou um lucro de 6 milhões de euros em 2007 com investimentos na elétrica Endesa, ter sido intermediário em operações de investidores para a compra de ações do Eurobank - pelas quais ganhou mais 900 mil euros - ou os 280 mil por intervir na compra de uma quinta no Paraguai.
Depois de sua declaração judicial, e a petição do procurador, o juiz decretou a proibição de Bárcenas sair de território nacional sem autorização judicial, a retirada do seu passaporte e a obrigatoriedade de comparência quinzenal perante o tribunal.
Cerca de uma centena de jornalistas acompanharam a declaração de Barcenas, à porta da Audiência Nacional em Madrid, de onde saiu já ao início da noite.
Durante a sua declaração Bárcenas entregou ao juiz um documento com o logótipo do PP que detalhava as doações ao partido.
Bárcenas entregou o documento depois de ser questionado pela procuradoria sobre a sua declaração, ante notário, a 14 de dezembro último, na qual afirmou que foi responsável desde 1994 a 2009 pelo controlo das doações ao PP.
Nesse documento estão referidas as doações de 1999 a 2007, por um valor total de 33 milhões de euros, 23,7 dos quais de procedência anónima.
Questionado sobre o motivo que o levou a declarar ante notário, Bárcenas disse que pretendia que ficasse registado que nunca arrecadou quaisquer das doações feitas ao PP.