Capitã do Sea Watch libertada. Juíza italiana diz que Rackete "protegeu vidas humanas"
Tribunal italiano garante que a capitã do navio humanitário não infringiu qualquer lei nem cometeu qualquer ato de violência contra as autoridades italianas. Esta é a primeira derrota de Salvini, que tem como bandeira a luta contra a imigração.
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A capitã do navio Sea Watch 3 foi libertada esta terça-feira depois de uma juíza italiana ter defendido que Carola Rackete, detida pelas autoridades no porto de Lampedusa, não infringiu a lei quando rompeu o bloqueio imposto pelo Governo de Roma, no passado sábado.
A juíza Alessandra Vella sublinhou que Rackete cumpriu o seu dever de proteger vidas humanas, não tendo cometido qualquer ato de violência. No Twitter, a Sea Watch escreve que a libertação da capitã é um alivio
e que não havia motivos para a manter presa.
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A Sea Watch considera que a única "transgressão" de Rackete foi a de respeitar os direitos humanos no Mediterrâneo e assumir responsabilidades onde nenhum dos governos europeus o fez.
Salvini "indignado"
O ministro italiano do interior, Matteo Salvini reagiu à decisão judicial de forma revoltada. "Estou indignado, estou enojado, mas não vou desistir", disse, acrescentando que esperava uma ação muito mais robusta por parte do sistema de Justiça italiano. Salvini prometeu ainda expulsar Rackete de Itália o mais rápido possível.
"Vamos recuperar honra, orgulho, bem-estar, esperança e dignidade de Itália, custe o que custar", assegurou.
A alemã de 31 anos rompeu o bloqueio imposto pelo Governo italiano e entrou no porto de Lampedusa no sábado, com o objetivo de desembarcar os 41 migrantes que estavam a bordo do navio, alguns com graves problemas de saúde.
Os 41 migrantes a bordo, de origem africana, foram resgatados no mar Mediterrâneo ao largo da Líbia.
Carola Rackete, que foi prontamente detida no porto da ilha italiana, estava a ser acusada de resistência e violência contra um navio de guerra. A jovem era também suspeita de ajuda à imigração ilegal.
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A Sea-Watch e outras organizações arrecadaram "mais de um milhão" de euros em doações através de várias recolhas 'online' para cobrir em particular, as despesas judiciais da capitã Carola Rackete.
A ONG tem agora "o apoio financeiro necessário para continuar a trabalhar", salientou Neugebauer.
Várias vozes têm apelado à libertação de Carola Rackete. É o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, que disse na segunda-feira que a capitã deve ser libertada porque o ato foi humanitário e não criminoso.
Portugal, a par de outros quatro países europeus, disponibilizou-se para receber cinco dos migrantes resgatados pelo navio alemão "Sea Watch 3".