Juízas portuguesas temem pelas afegãs. "Foram ameaçadas por homens que condenaram"
A Associação das Juízas Portuguesas lança um apelo para que as magistradas afegãs não sejam deixadas para trás. O pedido já chegou até ao Governo e à Assembleia da República, para que o país possa empreender esforços para as salvar.
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Não abandonem as juízas no Afeganistão. O apelo preocupado parte da Associação das Juízas Portuguesas, que constata com apreensão os riscos a que estão sujeitas as magistradas afegãs. Paula Ferreira Pinto, presidente da associação, garante que as juízas em solo afegão correm risco de vida, estão "muito preocupadas e até desesperadas, receosas".
"Foram ameaçadas por homens, que terão condenado no exercício das suas funções e que foram, neste processo, libertados", alerta a representante da Associação das Juízas Portuguesas. Paula Ferreira Pinto pede à comunidade internacional e a Portugal para tentarem "que a essas pessoas seja assegurada a segurança no país e a receção noutros países nos quais possam permanecer".
A vida destas juízas está mesmo em risco, considera. "Tememos muito pela segurança e pela vida destas pessoas e das suas famílias." Serão, ao todo, entre 230 e 270 as magistradas que precisam de sair do país, com os familiares.
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Paula Ferreira Pinto recua no tempo para lembrar que a ameaça está latente e que não surgiu agora. "Houve um atentado em janeiro, que atingiu duas magistradas no Afeganistão, já perpetrado, tanto quanto se sabe, por estas forças que agora estão no poder", assinala.
A presidente da Associação das Juízas Portuguesas lamenta, no entanto, que não haja mãos para agarrar todas as vítimas. "Não se perspetiva que possamos fazer tudo por todas as pessoas, o que é de partir o coração. Mas que se consiga trazer estas mulheres e quem teve um papel de destaque, que é um alvo mais fácil e imediato de qualquer tipo de retaliação."
O apelo da Associação das Juízas Portuguesas já chegou ao Governo e à Assembleia da República. Paula Ferreira Pinto adianta que as juízas estão também a ponderar uma recolha de fundos, para financiar a retirada das juízas do Afeganistão.