O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse hoje que uma vitória do "não" no referendo de domingo na Grécia é também um não à União Europeia (UE).
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"Um 'não' [no referendo] significaria, independentemente da questão finamente colocada, que a Grécia diz não à Europa", disse Jean-Claude Juncker, numa conferência de imprensa, em Bruxelas. "Vou pedir ao povo grego que vote 'sim'", disse, acrescentando que o referendo é "o momento da verdade" para a Grécia.
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O presidente da Comissão Europeia (CE) afirmou-se hoje "entristecido com o espetáculo que a Europa deu no passado sábado", considerando que a rutura das negociações sobre a Grécia no Eurogrupo constitui um rude golpe na consciência europeia.
Numa intervenção de 33 minutos, Juncker disse que se sentiu "traído" depois de todo o "empenho pessoal" que colocou nas negociações, interrompidas unilateralmente pelo Governo grego, e fez uma exaustiva exposição sobre as propostas da Comissão, porque, sustentou, "o povo grego tem que saber a verdade, saber o que estava em cima".
A proposta rejeitada pelo executivo de Alexis Tsipras, sustentou, não era um "estúpido pacote de austeridade", e "é aconselhável o Governo grego dizer a verdade ao povo grego", tendo em vista o referendo que decidiu organizar para o próximo domingo, e no qual disse esperar que o povo grego, de forma responsável, vote no "sim" à proposta das instituições.
Defendendo repetidas vezes que a Grécia deve permanecer na zona euro, pois esse é o seu lugar, Jean-Claude Juncker referiu que o que está em causa não é um jogo do qual sairá um vencedor e um perdedor, afirmando que, em caso de derrota, perdem todos.
A crise na Grécia agudizou-se no sábado, na sequência da decisão de sexta-feira à noite das autoridades gregas de deixarem a mesa das negociações, tendo o fórum que reúne informalmente os ministros das Finanças da zona euro, o Eurogrupo, celebrado mesmo uma sessão de trabalho a 18, já sem a delegação grega na sala, para discutir as "consequências" da rutura das negociações com Atenas.
Na sexta-feira, após o Conselho Europeu, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, tinha anunciado ter decidido submeter as propostas dos credores internacionais a referendo popular, marcado para domingo, aconselhando o voto no "não".
Esta terça-feira termina o programa de resgate da "troika", estando para já congelada a entrega de uma parcela de 7,2 mil milhões de euros, dada a ausência de acordo sobre novas medidas a tomar pela Grécia. No mesmo dia, expira o prazo para a Grécia pagar quase 1.600 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ficando o país em incumprimento perante este credor se a verba não for disponibilizada.