A justiça francesa vai abrir um inquérito para investigar o papel da nova director-geral do FMI quando era ministra das Finanças de França num negócio associado ao empresário Bernard Tapie.
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A decisão foi emitida esta quinta-feira pelo Tribunal de Justiça da República, única instância habilitada em França para julgar ministros por factos cometidos no exercício de funções.
Segundo o ministério Público, Christine Lagarde, quando era ministra das Finanças, pode ter cometido o crime de abuso de poder quando solucionou um litígio de negócios complexo que opunha Bernard Tapie a uma estrutura pública que geria activos do banco Crédit Lyonnais, resgatado da falência nos anos 1990 pelo Estado francês.
Para evitar longos processos e resolver este antigo litígio sobre a venda pelo Crédit Lyonnais do Grupo Adidas, Christine Lagarde escolheu um tribunal arbitral, ou seja, uma justiça privada.
O resultado do processo realizado em 2008 por esta instância foi favorável a Bernerd Tapie, que deve assim poupar pelo menos 200 milhões de euros em pagamentos ao Estado.
A abertura deste inquérito não é «de qualquer forma incompatível» com as «funções actuais da directora-geral» do Fundo Monetário Internacional, comentou o advogado de Lagarde, Yves Repiquet.
O Tribunal de Justiça da República tinha previsto anunciar a decisão de abrir ou não um inquérito a 8 de Julho mas fez um adiamento por razões processuais. O Tribunal foi contactado pelo Ministério Público sobre este caso a 10 de Maio.