Kallas alerta para "risco de retaliação" e diz que UE está "muito focada" em "solução diplomática"
Alta representante assume preocupação perante “o risco enorme” com “represálias e com uma escalada guerra” no Médio Oriente
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A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou, esta segunda-feira, em Bruxelas, que a União Europeia está empenhada no diálogo com todas as partes envolvidas na guerra no Médio Oriente, considerando que a via diplomática é a uma via possível para trazer uma solução.
Kaja Kallas falava à entrada para a reunião regular de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, sublinhando a urgência de manter canais de diálogo com o Irão. A alta representante considera necessário “encontrar vias para o diálogo”.
“Os ministros estão muito focados numa solução diplomática”, afirmou Kallas, à entrada para a reunião, alertando para o risco de uma nova guerra aberta no Médio Oriente.
“As preocupações com represálias e com uma escalada desta guerra são enormes”, afirmou Kallas, considerando que, entre os cenários mais alarmantes, está o eventual encerramento do Estreito de Ormuz, uma rota crucial para o transporte marítimo global de petróleo.
“O encerramento do Estreito de Ormuz por parte do Irão seria algo extremamente perigoso e que não beneficiaria ninguém”, advertiu.
Kallas indicou que a União Europeia tem procurado manter canais de comunicação com Teerão e “o Irão mostra abertura para discutir não só a questão nuclear, mas também temas mais amplos de segurança que preocupam a Europa”, referiu, sem detalhar. Kallas acrescentou que é preciso “manter este processo [de diálogo] em curso, porque, no fim, tem de haver uma solução diplomática que permita uma perspetiva de longo prazo”.
A chefe da diplomacia europeia recordou ainda o papel histórico da UE nas negociações do acordo nuclear com o Irão (JCPOA), considerando que “a Europa tem um papel muito concreto porque, no âmbito do JCPOA, temos um mecanismo que permite reintroduzir todas as sanções se não houver progressos”. “Claro que isso teria um impacto económico profundo no Irão — e não seria bom para o povo iraniano”, sublinhou.
Kallas insistiu que “todos estão de acordo que o Irão não deve ter uma arma nuclear”, mas alertou que esse acordo deve ser alcançado por “via diplomática e não militar”. “Se o Irão está disposto a falar, temos de aproveitar essa oportunidade”, afirmou Kallas.
O encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE ocorre, poucos dias depois dos Estados Unidos terem bombardeado várias instalações nucleares no Irão, incluindo os complexos de Fordow, Natanz e Esfahan. O ataque, coordenado com Israel, foi oficialmente justificado com a necessidade de travar o alegado avanço iraniano rumo a uma arma nuclear.