Kallas descreve "amplo apoio" a plano de 40 mil milhões para Ucrânia, mas "há detalhes" a ultrapassar
Em relação às negociações de paz na Ucrânia, a chefe da diplomacia europeia afirma que Moscovo não tem demonstrado uma verdadeira vontade de alcançar a paz
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A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas afirmou, esta segunda-feira, em Bruxelas, que "há um amplo apoio político para a iniciativa de defesa de 40 mil milhões" destinada à Ucrânia, embora reconheça que "neste momento, a discussão está nos detalhes".
“Há um amplo apoio político para a iniciativa de defesa de 40 mil milhões. Claro que, neste momento, a discussão está nos detalhes”, afirmou, lembrando que “no último Conselho Europeu, tivemos a formulação de que precisamos de avançar rapidamente com esta iniciativa, e já realizámos mais trabalho nesse sentido”.
Kaja Kallas sublinhou a necessidade de mostrar determinação no apoio a Kiev, salientando que nenhum dos governos tem dúvidas sobre o sinal que deve ser enviado desde Bruxelas e “todos à volta da mesa compreenderam que devemos realmente demonstrar a nossa determinação agora e apoiar a Ucrânia para que possa defender-se".
Em relação às negociações de paz, a chefe da diplomacia europeia destacou que Moscovo não tem demonstrado uma verdadeira vontade de alcançar a paz. Apelando ao fim das hostilidades na Ucrânia, Kallas afirma que cabe a Moscovo tomar a iniciativa de aceitar um plano credível.
“A bola está do lado da Rússia e o que vemos neste momento é que a Rússia não quer realmente a paz. Além disso, também ficou claro para todos que a Rússia não é verdadeiramente fiável”, afirmou a chefe da diplomacia europeia, convicta de que Moscovo “vai aproveitar esta oportunidade para apresentar todo o tipo de exigências. E o que já estamos a ver é que estão a apresentar exigências que, na verdade, são os seus objetivos finais”.
Já o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel expressou preocupações sobre as recentes declarações das autoridades russas, indicando que estas não estão alinhadas com os acordos previamente estabelecidos.
"As declarações que foram adiantadas, seja pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Lavrov, seja pelo Presidente Putin da Federação Russa, de facto não são de molde a considerar que estão em linha com aquilo que foi acordado com a Ucrânia em Jeddá, na Arábia Saudita".
Rangel, que tinha sido questionado sobre a visão da Alta Representante a propósito das negociações para a paz na Ucrânia, enfatizou a importância de um cessar-fogo para cessar as hostilidades e criar condições para um diálogo futuro.
"Isto não quer dizer que justamente com as conversações bilaterais não se faça caminho e não se possa chegar a uma solução em que haja um acordo quanto ao cessar-fogo que eu julgo que seria neste momento muito importante e muito encorajador para, por um lado, cessar hostilidades que têm custos enormes, mas por outro lado também criar as condições para que se ganhe tempo para esse diálogo”, afirmou ainda.