O homem é acusado de ter "organizado um sistema ilegal de passagem pela fronteira ucraniana de pessoas maiores de idade para servirem no exército", avançam as autoridades.
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Autoridades anticorrupção ucranianas anunciaram esta quinta-feira a prisão em Kiev de um oficial das Forças Armadas acusado de ter ajudado recrutas a escapar ao recrutamento militar, em plena invasão russa.
As tentativas de fuga do exército existem na Ucrânia, mas são difíceis de quantificar, pois o fenómeno é um tabu.
De acordo com a lei, homens de 18 a 60 anos podem ser mobilizados a qualquer momento e estão proibidos de sair do território nacional.
O organismo anticorrupção na Ucrânia anunciou esta quinta-feira que "deteve o chefe de um dos departamentos do quartel-general das forças terrestres do exército ucraniano, que também ocupa o cargo de chefe de um dos departamentos militares da cidade de Kiev".
O homem é acusado de ter "organizado um sistema ilegal de passagem pela fronteira ucraniana de pessoas maiores de idade para servirem no exército", explicou o organismo, na sua conta da rede social Telegram.
Contra o pagamento de 9100 euros, os homens que pretendessem fugir ao serviço militar recebiam "documentos fictícios atestando a sua inaptidão para o serviço militar".
"Vários casos de emissão de documentos falsos foram detetados pela polícia", de acordo com as autoridades ucranianas, que dizem ter detido o suspeito em flagrante delito, quando "entregou documentos a três pessoas concedendo-lhes o direito de deixar a Ucrânia".
As buscas na sua casa e num centro de recrutamento levaram à apreensão de notas no valor de 48 mil dólares (cerca de 45 mil euros) e cinco mil euros.
No início da invasão russa, o exército ucraniano beneficiou do afluxo de voluntários que desejavam lutar, mas, ao fim do 18º mês da guerra, as perdas forçaram a um maior uso do recrutamento, segundo os 'media' ucranianos.
Em janeiro, as autoridades adotaram uma série de medidas que permitem a isenção de funcionários públicos e pessoal qualificado que trabalham em setores estratégicos.
As tentativas de fuga ao serviço militar já eram frequentes na Ucrânia, assim como na Rússia, antes da guerra.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.