Líderes europeus decidiram pedir às companhias aéreas europeias que evitem o espaço aéreo bielorrusso, enquanto banem as transportadoras da Bielorrússia.
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O Kremlin disse esta terça-feira "lamentar" a recomendação feita pela União Europeia (UE) às suas companhias aéreas para evitarem o espaço aéreo bielorrusso como forma de sancionar o país pelo desvio de um avião para Minsk para deter um opositor.
"Só podemos expressar o nosso pesar. Contornar o espaço aéreo de um país razoavelmente grande, localizado no centro da Europa, é muito caro para qualquer companhia aérea", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.
"É preciso entender que, em última instância, serão os passageiros a pagar por essas recomendações, porque passarão mais meia hora ou uma hora no ar", disse Peskov.
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Os líderes europeus, reunidos em Bruxelas, decidiram na segunda-feira pedir às companhias aéreas europeias que evitem o espaço aéreo bielorrusso, enquanto banem as transportadoras da Bielorrússia na Europa, exigindo ainda mais sanções contra o regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
A Bielorrússia é acusada de ter desviado, no domingo, um avião da companhia aérea irlandesa Ryanair para Minsk, a fim de deter o opositor bielorrusso Roman Protasevich, de 26 anos, que estava a bordo do avião.
Muitas companhias aéreas anunciaram imediatamente a suspensão do sobrevoo dos seus aviões pelo país. A companheira de Protasevich, Sofia Sapéga, de nacionalidade russa, também foi presa no mesmo voo no domingo.
Dmitry Peskov insistiu esta terça-feira na "necessidade absoluta de respeitar todos os direitos do cidadão russo", destacando a esperança de que Sofia Sapéga "seja libertada o mais rapidamente possível", se não tiver nada a responder "do ponto de vista da lei bielorrussa".
Cerca de 2000 aviões por semana efetuam voos comerciais que atravessam o espaço aéreo bielorrusso, segundo a organização Eurocontrol.
As autoridades bielorrussas minimizaram hoje as perdas decorrentes da suspensão de voos sobre este país anunciada por várias companhias aéreas.
"No último dia não sentimos nenhuma perda, nesta segunda-feira 402 aeronaves sobrevoaram o nosso território. É a média estatística das segundas-feiras, a média dos últimos 24 dias foi de 435 voos. Até agora não observámos mudanças", disse à agência de notícias Efe Valerian Grod, vice-diretor geral da Belaeronavigatsia, a agência estatal encarregada do controlo de tráfego aéreo.
Vários países e organizações internacionais condenaram a ação das autoridades bielorrussas, que alegaram ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial da Ryanair.
Roman Protasevich foi diretor dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, que se tornaram as principais fontes de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020 na Bielorrússia.
O ativista acabou detido pelas autoridades bielorrussas no domingo, quando os cerca de 120 passageiros do avião da Ryanair foram forçados a submeter-se a novo controlo em Minsk, devido a um suposto aviso de bomba.
As presidenciais de 09 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Lukashenko, no poder há 26 anos, com 80% dos votos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.
Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição, Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país. Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e cerca de 20 estão ainda presos.
Em outubro de 2020, a UE avançou com sanções contra Alexander Lukashenko, reforçando as medidas restritivas adotadas contra repressores das manifestações pacíficas no país.