O perfil do antigo Presidente da Guiné-Bissau, Kumba Ialá, que morreu hoje, aos 61 anos, vítima de doença cardíaca.
Corpo do artigo
Tinha anunciado a retirada da vida política no início deste ano. Na altura, o homem que ficou conhecido pelo barrete vermelho, citou a Bíblia, para dizer que tudo na vida tem o seu tempo.
Depois de consultar a família e os amigos, Kumba Ialá retirava-se, de consciência tranquila, para dar espaço a novas figuras na Guiné Bissau.
E nessa hora do adeus, Kumba saudou Nino Vieira, de quem tinha sido um dos maiores críticos. Falou também de Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro, evocando o tempo que estudou em Portugal.
Kumba Ialá era formado em Teologia e Filosofia pela Universidade Católica. Chegou a ser professor de filosofia, mas cedo virou-se para a política, formando o Partido de Renovação Social.
Em 2000, chegou à presidência da Guiné Bissau, mas foi deposto por um golpe militar três anos depois. Foi acusado de destituir muitos ministros e altos oficiais, além de má gestão financeira, o que levou a Banco Mundial e o FMI a suspender a ajuda à Guiné.
Depois do golpe de Estado, ficou em prisão domiciliária, para ser libertado alguns meses depois e concorrer à presidência em 2005. Na altura, ocupou o palácio presidencial, por algumas horas, e acabou em terceiro na eleição que definiu como uma fraude.
Para a história, ficam as críticas a Nino Vieira e ao general Ansumane Mané, os discursos vivos e impulsivos.
Gostava de dizer que era um homem do povo e para sempre fica a imagem de marca - o barrete vermelho, símbolo de um homem responsável e de confiança, mas também imprevísivel.