"Lamentável." Nobel da Paz Óscar Arias acusa Maduro de ter "roubado" as eleições na Venezuela
O Nobel da Paz e antigo Presidente da Costa Rica considera que Maduro está a promover um "golpe de Estado" na Venezuela
Corpo do artigo
O partido do Governo em Caracas, liderado por Nicolás Maduro, "roubou" as eleições na Venezuela. Quem o diz é o antigo Presidente da Costa Rica e Nobel da Paz, Óscar Arias, que afirma que a Venezuela está transformada num "narcoestado" e fala num "golpe de Estado" no país.
"A situação na Venezuela é muito lamentável, Nicolás Maduro está a levar a cabo um golpe de Estado. Infelizmente, na Venezuela, o que existe é um narcoestado. Para aqueles que compõem um governo que esteve envolvido no tráfico de drogas, é extremamente difícil entregar o poder, porque sabem muito bem que destino os espera", explica à TSF Óscar Arias.
O Prémio Nobel da Paz de 1987, Óscar Arias, foi galardoado pelo seu papel nos acordos que levaram ao fim das guerras em vários países da América do Sul, mas, na Venezuela, espera que as posições políticas não se transformem numa guerra civil.
"Há uma oposição que não está disposta a deixar passar este roubo eleitoral. Não há esperança de que o Governo Maduro e o seu povo possam reativar essa economia", afirma.
O histórico político confia que a vitória na Venezuela foi da oposição e considera que a comunidade internacional deve pressionar Maduro e reconhecer a vitória de González.
"A comunidade internacional deve exercer muita pressão sobre ele [Maduro], eventualmente poderá considerar o reconhecimento do novo governo de Edmundo González. Essa é uma forma de passar a mensagem a todos de que o roubo ocorrido no domingo, 28 de julho, não foi reconhecido", acrescenta, defendendo que as atas das mesas de voto devem confirmar a vitória da oposição.
Maduro pediu, na quarta-feira, que os resultados eleitorais sejam certificados "com um parecer de peritos do mais alto nível técnico" e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça.
A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados pelo CNE, que proclamou oficialmente, na segunda-feira, como Presidente Nicolás Maduro, para o período 2025-2031.
De acordo com os dados oficiais do CNE, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.
A oposição venezuelana reivindica, contudo, a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, tendo tornadas públicas atas da larga maioria das mesas de voto para sustentar a reclamação.
ONU, União Europeia (UE), Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Chile, México, Argentina e Espanha, entre outros, pediram às autoridades eleitorais venezuelanas que publicassem os registos das votações para verificar a alegada vitória de Maduro.