A lava do vulcão que assola a ilha cabo-verdiana do Fogo há 15 dias ultrapassou Portela, praticamente destruída, e chegou a Bangaeira, onde avança com três frentes, disseram hoje à agência Lusa fontes governamental e da Proteção Civil.
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Segundo o Gabinete de Comunicação do Governo cabo-verdiano, a intensificação das erupções vulcânicas dos vários cones permitiram, ao longo da madrugada e manhã de hoje, um avanço rápido da lava, que consumiu as igrejas católica e adventista de Portela e destruiu as traseiras e a parte da frente da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras, cujo armazém está agora numa espécie de "ilha".
Face ao facto de não encontrar obstáculos no terreno, a nova frente de lava surgida quinta-feira ultrapassou Portela e desceu para Bangaeira, localidade a pouco mais de 100 metros da última casa de Portela, onde, segundo a fonte, atingiu a Pensão Marisa e algumas casas da vizinhança.
O acesso rodoviário a Portela, que, depois, segue para Bangaeira, foi cortado novamente pela lava, disse à Lusa, o coordenador das operações da Proteção Civil cabo-verdiana, Nuno Oliveira, que se encontra em Bangaeira, depois de ter sido forçado a abandonar Portela.
Bangaeira situa-se num vasto vale com uma pequena inclinação no nordeste de Chã das Caldeiras, o grande planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos da ilha do Fogo, o que tem permitido o aumento da velocidade da lava.
Na descida para o mar (Portela e Bangaeira situam-se a pouco mais de 2.000 metros de altitude), o vale, aberto, termina com um pequeno parque florestal, correndo-se o risco de se incendiar, o que iria complicar ainda mais a situação, sublinhou Nuno Oliveira.
O responsável da Proteção Civil afirmou desconhecer quais as possibilidades de a lava, que avança por cima daquela que jorrou na última erupção, em 1995, atingir, na sua descida pela encosta, outras localidades, antes de, eventualmente, chegar ao mar.