A Letónia pronunciou-se maioritariamente contra a adoção do russo como segunda língua oficial do país, no referendo realizado hoje, indicam as agências internacionais.
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Segundo os resultados parciais já divulgados pela comissão eleitoral, 78,25 por cento dos eleitores votaram "não" à oficialização da língua russa, enquanto 21,49 por cento aprovaram a medida.
Antiga república soviética, a Letónia acolhe uma minoria russa que representa cerca de um terço dos seus dois milhões de habitantes.
Numa altura em que estão contabilizados dois terços dos votos, a taxa de participação situa-se nos 69,23 por cento.
«É uma questão de identidade nacional, que explica por que a maioria das pessoas não consideraram este referendo apenas um mero jogo político e participaram em massa», disse o analista político Ivars Ijabs, à agência AFP.
A maioria dos habitantes da Letónia vê no russo a língua da ocupação soviética, enquanto a franja da população que o fala se queixa de discriminação.
«A sociedade [letã] está dividida em duas classes: metade tem todos os direitos, mas os direitos da outra metade são violados», disse à agência AP Aleksejs Yevdokimovs. Já Martins Dzerve comparou que, enquanto «o russo está em todo o lado», o letão só é falado na Letónia e, por isso, a língua «tem de ser protegida».
Centenas de milhares de russos, bielorrussos e ucranianos migraram para as três repúblicas bálticas agora independentes - Letónia, Lituânia e Estónia - durante o regime soviético. Porém, esta população, que hoje ronda os 300 mil, não tem cidadania da Letónia, pelo menos até passar no exame de letão, obrigatório para obter a nacionalidade.
[Texto escrito conforme o novo Acordo Ortográfico]