Beirute irá encaminhar o assunto para o Conselho de Segurança da ONU para “forçar Israel a retirar imediatamente”
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O Líbano avisou esta terça-feira que qualquer presença israelita no seu território será considerada “uma ocupação”, quando Israel mantém militares em cinco posições no sul do país, após o final do prazo previsto para a sua retirada.
Numa declaração lida após uma reunião entre o Presidente da República, o primeiro-ministro e o líder do parlamento, a porta-voz da presidência, Najat Charafeddine, indicou que os dirigentes libaneses consideram “qualquer presença israelita em território libanês como uma ocupação”.
A mesma fonte acrescentou que Beirute irá encaminhar o assunto para o Conselho de Segurança da ONU para “forçar Israel a retirar imediatamente”, reafirmando que o exército libanês está pronto para cumprir o seu papel na fronteira com Israel.
Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah assinaram um acordo, que entrou em vigor a 27 de novembro, cujo prazo terminava esta terça-feira, que implicava a retirada do exército israelita se retirasse do território do Líbano.
O acordo tinha um prazo inicial de 60 dias, mas foi depois prorrogado até esta terça-feira, 18 de fevereiro, desconhecendo-se se irá haver mais algum adiamento do prazo final. As duas partes acordaram que o exército libanês e as forças de segurança do Estado assumiriam o controlo do seu próprio território, enquanto as infraestruturas terroristas do Hezbollah no sul do Líbano não poderiam ser reconstruídas.
Fonte do departamento de segurança do Líbano indicou esta terça-feira, algumas horas depois do final do prazo estabelecido, que o exército israelita se retirou das aldeias do sul do país, mas mantém-se em cinco posições.
As forças militares libanesas estão a “posicionar-se gradualmente, devido à presença de explosivos em algumas zonas e aos danos nas estradas”, acrescentou.
Um porta-voz do exército israelita tinha dito que as tropas permaneceriam temporariamente em cinco pontos estratégicos do sul do Líbano, ao longo da fronteira libanesa. O objetivo, segundo explicou, é poder “continuar a defender o povo [israelita] e garantir que não há ameaça imediata”.
No dia seguinte ao lançamento de uma ofensiva militar israelita em Gaza, em resposta a um ataque palestiniano do Hamas a Israel, a 7 de outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel, disparando rockets em território israelita a partir do sul do Líbano, o seu bastião.
O grupo xiita alegou estar a agir “em apoio aos palestinianos” e ao seu aliado Hamas. Os tiroteios transfronteiriços evoluíram para guerra aberta em setembro de 2024.
A guerra de 2024 entre Israel e o Hezbollah provocou mais de quatro mil mortos só no Líbano e obrigou mais de um milhão de pessoas a fugir de casa. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 100 mil pessoas continuavam deslocadas no país em 5 de fevereiro.