Além da Grécia, Chipre e o Egito criticaram o pacto por considerarem que viola o direito internacional.
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O Governo da Líbia reconhecido pela ONU considerou "inaceitável" a expulsão do seu embaixador na Grécia devido a um controverso acordo que assinou com a Turquia e aconselhou Atenas a recorrer à justiça.
"A decisão é inaceitável. A Grécia não tem representação diplomática na Líbia, se tivesse, expulsaríamos o seu embaixador", disse o ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, Mohamed Siala, à televisão Free Lybia Channel.
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A Grécia anunciou esta sexta-feira a expulsão do embaixador da Líbia, depois de Tripoli recusar divulgar, como Atenas exigiu, o conteúdo de um controverso acordo com a Turquia sobre fronteiras marítimas que envolve a zona económica exclusiva grega.
"O embaixador líbio foi convocado ao Ministério hoje de manhã e foi informado da sua expulsão", disse à imprensa o ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Nikos Dendias.
O ministro precisou que o embaixador Mohamed Yunis Menfi tem um prazo de 72 horas para abandonar a Grécia e que "a expulsão não significa a interrupção das relações diplomáticas com a Líbia".
O acordo em causa foi assinado a 27 de novembro em Istambul pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o chefe do governo líbio reconhecido pela ONU, Fayez al-Sarraj, e delimita as zonas económicas exclusivas de ambos os países.
A fronteira marítima prevista no acordo passa nomeadamente a cerca de cem quilómetros das ilhas gregas de Creta e Rodes.
A Turquia argumenta que quaisquer ilhas próximas do continente, como as ilhas gregas em causa, não podem ter plataforma continental ou zona económica exclusiva própria.
Além da Grécia, Chipre e o Egito criticaram o pacto por considerarem que viola o direito internacional.
O acordo turco-líbio de delimitação de fronteiras marítimas "viola o Direito Marítimo internacional [...] e o direito das ilhas gregas a terem fronteiras marítimas", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros grego, Alexandros Gennimatas, num encontro com a imprensa.
"Não há fronteiras entre a Turquia e a Líbia", acrescentou, insistindo que um tratado não pode basear-se "numa ilegalidade".
O ministro dos Negócios Estrangeiros grego, que na sexta-feira passada pediu ao embaixador líbio pormenores sobre o acordo, considerou mesmo que o pacto constitui uma tentativa de criar tensão "tanto a nível bilateral como regional".
A descoberta de reservas de gás e de petróleo ao largo de Chipre, no sudeste do Mediterrâneo, suscitou nos últimos anos uma disputa entre Nicósia, apoiada pela Grécia e pela União Europeia (UE), e Ancara, que ocupa a parte norte da ilha de Chipre.
Segundo a imprensa turca, após a ratificação pelo parlamento turco, que ocorreu na quinta-feira, a Turquia comunicará à ONU as coordenadas da sua nova zona económica exclusiva (ZEE) no Mediterrâneo oriental.