Trata-se da primeira vez que a Nobel da Paz se desloca à região desde o início do conflito. Mais de 600 mil rohingya saíram para o Bangladesh, em fuga da violência na Birmânia.
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Aung San Suu Kyi chegou esta quinta-feira ao oeste do país para uma visita surpresa à região, epicentro do conflito que já levou mais de 600 mil rohingya a fugir para o Bangladesh.
Trata-se da primeira visita de Suu Kyi ao estado de Rakhine, desde que a crise dos rohingya estalou, em 25 de agosto, após um ataque de um grupo rebelde daquela minoria muçulmana contra instalações policiais e militares que foi seguido de uma vasta ofensiva militar.
O governo birmanês assegura que a violência foi desencadeada por "terroristas rohingya", mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como "limpeza étnica".
De acordo com testemunhas e organizações de direitos humanos, o exército arrasou povoações incendiando-as e matou um número indeterminado de civis a tiro enquanto esvaziava essas localidades.
O governo birmanês, que não anunciou que esta visita teria lugar citando preocupações de segurança, não indicou se Aung San Suu Kyi irá às aldeias incendiadas, atualmente desertas devido à fuga em massa dos rohingya para o vizinho Bangladesh.
Trata-se da primeira vez que a Nobel da Paz, que chegou ao poder na Birmânia em abril de 2016, se desloca à região desde o início do conflito.
Críticas da comunidade internacional
Aung San Suu Kyi tem sido muito criticada no estrangeiro devido à sua postura relativamente aos rohingya, uma minoria apátrida considerada uma das mais perseguidas do mundo pelas Nações Unidas.
Desde que a crise estalou, a ONU tem pedido, em vão, o fim dos combates, acesso à ajuda humanitária e o regresso dos refugiados aos seus locais de origem.
Antes da campanha militar, os rohingya que habitavam no estado de Rakhine eram estimados em um milhão.
A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.
Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais, além de enfrentarem uma série de privações.