Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, chegou hoje a Maputo, cinco anos após ter abandonado a capital moçambicana, no quadro da crise política e militar que assolou o país nos últimos tempos.
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Com centenas de militantes e simpatizantes da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) à espera durante mais de cinco horas, Dhlakama desembarcou no Aeroporto Internacional de Maputo por volta das 18:20 de Maputo (17:20 de Lisboa) acompanhado por alguns quadros do movimento e por alguns diplomatas estrangeiros acreditados na capital moçambicana, incluindo o embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte.
Afonso Dhlakama disse que a sua chegada à capital moçambicana simboliza a chegada da democracia ao país, considerando ainda que «o povo ganhou». «Dhlakama já chegou, o povo de Moçambique ganhou, a democracia ganhou, Dhlakama trouxe a democracia», declarou.
Agradecendo, a partir de um palanque improvisado numa carrinha de caixa aberta, aos simpatizantes do partido, por terem permanecido no aeroporto desde a manhã, à sua espera, o líder da Renamo pediu aos presentes que repitam o apoio nas eleições gerais de 15 de outubro.
O líder do principal partido da oposição moçambicana recordou a rejeição inicial pelo Governo das reivindicações da Renamo, que estiveram por detrás da crise, enfatizando que o executivo insistiu, inicialmente, na ideia de que já não havia lugar para novas negociações, após a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, em Roma.
«Eu, Afonso Dhlakama, trouxe a democracia, porque já dizia a Frelimo que Dhlakama acabou, Roma acabou», declarou o líder da Renamo. Após a breve alocução aos membros da sua organização, Afonso Dhlakama seguiu para o local onde se irá hospedar, que não foi divulgado, acompanhado por caravanas dos simpatizantes da Renamo.
O líder do principal partido da oposição está em Maputo para ratificar sexta-feira com o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, o acordo de cessação da violência militar, assinado em finais de agosto entre a delegação negocial do seu partido e o Governo moçambicano.
A ratificação do acordo vai permitir a participação de Afonso Dhlakama na campanha eleitoral já em curso para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais) de 15 de outubro e é mais um passo para a normalização da situação política em Moçambique, posta em causa por meses de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança.
A crise político-militar, que provocou um número indeterminado de mortos e de feridos, foi desencadeada por divergências sobre a lei eleitoral e em torno do desarmamento do braço armado da Renamo.