Há um violador na Assembleia neozelandesa. Declarações do presidente do Parlamento surpreenderam o país
As declarações de Trevor Mallard estão a surpreender o país e a liderança do principal partido da oposição já pediu uma investigação policial.
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O presidente do Parlamento de Wellington afirmou numa entrevista a uma rádio que teme que exista um violador em série nos corredores da Assembleia do país. A suspeita de Trevor Mallard surgiu depois de um inquérito independente ter descoberto que existe assédio moral, assédio sexual e outras condutas abusivas no interior do Parlamento.
As acusações mais graves dizem respeito a três suspeitas de agressão sexual que recaem sobre um homem que não é identificado. Segundo o relatório do inquérito, essas agressões parecem fazer parte de um padrão de comportamento predatório.
"Estamos a falar de agressões sexuais graves. Para mim trata-se de violação", disse Mallard, que acrescentou que "lendo o relatório com cuidado, tenho a impressão de que o mesmo homem está envolvido nos ataques e continua a trabalhar no Parlamento".
O presidente classificou a situação como "intolerável", mas explicou que não pode fazer queixa à policia porque as pessoas que falaram com os autores do inquérito fizeram-no com base na promessa de que as declarações seriam confidenciais. Mallard manifestou, no entanto, a esperança de que as mulheres envolvidas se queixem às autoridades.
No Parlamento existem 120 deputados, mas juntando todos os funcionários, jornalistas, seguranças e assessores, o número sobe para milhares de pessoas.
A vice-líder do principal partido da oposição já confessou que ficou estupefacta com as palavras de Mallard. Paula Bennett pediu-lhe que clarificasse os comentários e considerou que se a policia for mantida à margem destes casos vai parecer que o Parlamento está a proteger um criminoso.
Paula Bennett defende ainda que existe um "dever de cuidado", tanto do presidente da instituição como da autora da investigação, e que há muita gente à espera de respostas.
Trevor Mallard já explicou que só pode chamar as autoridades se as mulheres envolvidas concordarem. O vice-primeiro-ministro veio entretanto esclarecer que as suspeitas não apontam para um deputado.
O inquérito aos casos de assédio e bullying revelou que 50 pessoas relataram contactos indesejados e 54 denunciaram avanços sexuais não consentidos. Houve ainda 14 relatos de agressão sexual, três deles considerados graves. Os autores do inquérito fazem 85 recomendações, incluindo a criação de um código de conduta que seja assinado pelos deputados, funcionários e meios de comunicação.