O Presidente brasileiro insinuou que os custos do encontro das comunidades indígenas seria pagos pelos contribuintes brasileiros. São esperados 10 mil índios em Brasília.
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A coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, acusou esta sexta-feiraa o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de difundir mentiras para "incitar a sociedade contra os povos indígenas".
"(...) Bolsonaro fez uma transmissão em direto e continua a incitar a sociedade contra os povos indígenas. Ele falou 'na semana que vem 10 mil índios virão a Brasília e será pago com o recurso de vocês'. Ele quer dizer dinheiro público. Grande mentira! O acampamento Terra Livre é custeado por nós!", escreveu a líder indígena na rede social Twitter.
Sonia Guajajara referia-se à transmissão em direto que Jair Bolsonaro realizou na quinta-feira, na sua conta no Facebook, em que, entre outros temas, abordou um encontro de comunidades indígenas a decorrer este mês na capital brasileira.
De acordo com o chefe de Estado, os custos da iniciativa, que levará 10 mil índios a Brasília, capital do país, seriam pagos pelos contribuintes brasileiros.
"Estão previstos 10 mil índios em Brasília. Quem é que vai pagar a conta de 10 mil índios que vêm para cá de autocarro, de carro particular, que muitos deles dirigem, de avião, hospedagem em hotel? Nós queremos o melhor para o índio brasileiro, que é tão ser humano quanto qualquer um que está aqui na frente de vocês agora, mas essa farra vai deixar de existir no nosso Governo", afirmou Jair Bolsonaro.
Em entrevista à plataforma de notícias UOL, Sonia Guajajara declarou que, com este discurso do Presidente brasileiro "cada vez mais se confirma" a ideia de que "ele vê os povos indígenas como um povo que é dependente do Governo ou que é manipulado ou usado por outros".
"Brasília não é terra dele, não é terra privada e toda a gente tem o direito a se manifestar", referiu a coordenadora da APIB, citada pelo UOL.
Segundo Sónia Guajajara, a APIB é responsável pela organização do Acampamento Terra Livre, explicando que foram criadas três campanhas na internet para pagar a mobilização indígena: uma para doações nacionais, outra para doações estrangeiras e uma terceira para deslocações de avião.
"É dinheiro de quem apoia as causas indígenas. São pessoas físicas e organizações da sociedade civil, do Brasil, e do exterior", disse a líder indígena.