Lídia Pereira: serviço militar deve ser debatido “sem tabus”, mas “é preciso perceber se há adesão”
Prestes deixar a presidência do YEPP, a Juventude do PPE, Lídia Pereira é a convidada desta semana do programa da TSF Fontes Europeias
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A eurodeputada Lídia Pereira (PSD) afirma que o debate sobre o serviço militar obrigatório é um debate que deve feito “sem tabus”. No entanto, a eurodeputada reconhece tratar-se de uma questão “complexa”, que exige cautela e deve refletir sobre a realidade dos jovens europeus.
“Discutimos se é possível ou não introduzir o serviço militar obrigatório neste contexto”, afirma, referindo-se a um dos temas que é abordado pela Juventude do Partido Popular Europeu (YEPP), da qual é líder desde 2018. Lídia Pereira assume que este é, para ela, um “tema sensível”, tendo em conta o papel que a Juventude Social Democrata teve no passado, quando “lutou contra o serviço militar obrigatório”.
"Estamos agora a lidar com um contexto em que se abre a possibilidade" de reintroduzir o debate, assume Lídia Pereira. “Sobretudo com base em exemplos europeus”, citando os casos da Finlândia e da Grécia, onde o serviço militar é obrigatório.
A eurodeputada refere ainda o caso da Alemanha, onde o tópico do serviço militar obrigatório é uma bandeira política da Junge Union Deutschlands, a juventude partidária da CDU/CSU, membro do YEPP. “Uma das bandeiras que apresentaram nas últimas eleições legislativas na Alemanha foi a reintrodução do serviço militar obrigatório. E, portanto, discutimos [nas cimeiras do YEPP] se é possível [e] em que condições.”
"Não basta dizer que vamos introduzir o serviço militar obrigatório, é preciso perceber se há adesão das novas gerações a essa realidade e, portanto, é uma questão complexa e nós debatemos e expressamos as nossas divergências. Há países manifestamente contra, há países que são favoráveis pela realidade que já têm”, salienta.
A eurodeputada defende uma compreensão mais ampla do conceito, que vá além da formação militar convencional. “Quando falamos de serviço militar obrigatório não é imediato que estejamos a falar apenas de formar homens e mulheres para o combate. Também estamos a falar de prevenção, cibersegurança, desenvolvimento de tecnologia de defesa”.
Extremos
Sobre os desafios atuais da Europa, Lídia Pereira afirma que o avanço dos extremismos exige respostas firmes do centro político, considerando que “é na moderação que residem as soluções”. Por outro lado, aponta para a necessidade da construção de maiorias, “falando ao coração das pessoas, às expectativas que as pessoas têm”.
Lídia Pereira refere que durante a pandemia, a estrutura juvenil do PPE organizou campanhas pró-vacinação nos Estados-membros, em resposta ao movimento anti-vacinas. “Fomos fazendo política mesmo num contexto difícil”, frisou. “O YEPP esteve sempre do lado certo da história.”
Liderança
Lídia Pereira encerra o seu terceiro e último mandato na liderança do YEPP no próximo sábado, 12 de julho. Ao fim de mais de seis anos na presidência da estrutura juvenil do PPE, faz um balanço positivo do trabalho realizado. “Conseguimos mais do que duplicar a representação de jovens do PPE no Parlamento Europeu”, diz Lídia Pereira, apontando esse dado como um dos principais resultados da sua liderança.
Um dos objetivos centrais foi trazer os jovens “do conselho de opinião para o centro da decisão”. Para isso, afirma, lançou o alerta logo no primeiro congresso do partido após a sua eleição, incentivando os líderes europeus a envolverem os jovens nos processos de decisão, embora tenha sido “um trabalho que demorou muito tempo e que continua a necessitar de prioridade”.
A eurodeputada integra a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários, a Delegação para as Relações com a República Popular da China e a Delegação para as Relações com a Índia e é também uma das vice-presidentes do Partido Popular Europeu.