
Fabrizio Bensch/Reuters
A justiça turca mandou deter 47 antigos empregados do diário Zaman, sob o controlo do Estado desde março, incluindo editorialistas, vistos como favoráveis a Fethullah Gülen
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A ordem de deteção emitida contra 47 antigos empregados do diário Zaman, sob tutela estatal desde março, surge no âmbito da "grande limpeza" em curso desde o golpe de Estado falhado, segundo um responsável.
Os mandados visam antigos dirigentes e funcionários do Zaman, "incluindo editorialistas", acrescentou a mesma fonte, que qualificou a antiga versão do jornal como o "porta-estandarte dos media favoráveis" a Fethullah Gülen, acusado por Ancara de estar por detrás da tentativa de golpe de Estado de 15 de julho.
Segundo o responsável, que não quis ser identificado, os ex-empregados do Zaman não são procurados por aquilo que escreveram no passado, mas sim porque "poderão ter conhecimento da rede de Gülen e poderão por isso ser úteis ao inquérito".
Entre as pessoas procuradas pela justiça encontram-se antigos chefes de redação do Zaman, como Abdulhamit Bilici, Sevgi Akarcesme e Bulent Kenes, segundo o jornal Hurriyet.
Farouk Akkan, o ex-diretor geral da agência de notícias Cihan, que pertencia também ao grupo Zaman, é também alvo de um mandado de detenção.
No início de março, o poder turco colocou sob sua tutela o diário da oposição Zaman, que tinha uma tiragem de mais de 650.000 exemplares, após o que o jornal adotou uma linha editorial favorável ao Governo.
O seu chefe de redação foi afastado e os apoiantes do jornal que se manifestaram contra a medida governamental foram dispersados com violência pela polícia.
A operação foi criticada por Washington e pela União Europeia.
O grupo a que pertencia o Zaman era considerado próximo do imã Fethullah Gülen, antigo aliado e inimigo número um do Presidente Recep Tayyip Erdogan desde um escândalo de corrupção que abalou a cúpula do Estado turco no final de 2013.