Os bebés que nasçam neste dia na Lituânia tem garantida uma prenda do Estado: vão para eles as primeiras moedas de euro a circular no pais. O governo de Vilnius marca assim simbolicamente a adesão à moeda unica.
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A Lituânia é a partir de hoje o décimo nono Estado do Eurogrupo.
O ingresso no clube do euro merece o apoio da maioria da população, mas também há os que receiam que a mudança de divisa ponha em perigo o crescimento económico e o equilíbrio das contas do estado conseguidos nos últimos anos.
O país que hoje passa a fazer contas com euros é um dos mais entusiastas do projecto europeu. Num inquérito recente, feito à escala dos 28, os lituanos ficaram entre os maiores fãs da União Europeia, apenas 6 por cento disseram ter dela uma imagem negativa.
E é também nessa lógica, diz Vaidovs Bniusis, que a maioria encara esta etapa:«A maioria vê-a como um novo passo no sentido de uma maior integração na União Europeia. A preocupação com as recentes acções russas também encorajam o apoio a esta opção».
Na mesma lógica, a da sombra russa, o editor da agência lituana de noticias diz que o euro é visto como um escudo muito mais eficaz na proteção face a eventuais indisposições e represálias do gigante vizinho: «Uma moeda que só é usada por três milhões de pessoas pode ser mais facilmente destabilizada do que uma que circula entre mais de 300 milhões de pessoas. Nesse sentido, o euro pode ser mais uma protecção».
Nem todos vêem, no entanto, com igual optimismo a adesão à moeda única. São resistências que tem a ver com o receio de que os preços disparem, e com a instabilidade politica na zona euro, um temor agora mais vivo com a incógnita grega: «Ainda há quem faça esta pergunta: porque é que devemos destinar centenas de milhões de euros que vão servir para resgatar países do sul da Europa e que estão muito mais endividados do que nós?".
Nos últimos quatro anos a economia lituana registou um crescimento à volta dos três por cento, e o défice está abaixo dos dois pontos. Os que olham com desconfiança para o euro receiam que com o acesso ao credito facilitado essa disciplina se perca e o pais acabe no clube dos pobres da moeda única.
Vaidovs Bniusis não acredita nesse cenário, até porque os lituanos ainda sem lembram bem das agruras e da necessária austeridade porque passaram não vai há pouco tempo». O produto interno bruto da Lituânia caiu 15 por cento em 2009 e nesse ano grande parte dos salários sofreu um corte desse valor. Mas mesmo assim, não houve greves nem manifestações de grandes dimensões. Portanto, os lituanos tem a a capacidade de entender que, às vezes, a austeridade é mesmo necessária».
São memorias ainda frescas de dias difíceis. Uns, a maioria, 53 por cento verão nelas motivo para querer ter euros na carteira.Outros, 39 por cento, a pensar que talvez fosse melhor continuar com a divisa de sempre.