O livro «Diamantes de Sangue», do ativista e jornalista angolano Rafael Marques, disponibilizado gratuitamente na Internet pela editora Tinta da China, registou 15 mil "downloads" em menos de 48 horas, disse hoje à Lusa a diretora editorial.
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«O livro registou oficialmente cerca de 15 mil "downloads" apenas a partir dos sítios da editora (Tinta da China) e 'Maka Angola', de Rafael Marques, desde segunda-feira», disse Bárbara Bulhosa.
A responsável sublinhou que o número real de consultas «é superior» porque o livro em formato digital pode ser igualmente partilhado e consultado a partir de páginas pessoais, blogues, redes sociais ou outras publicações na Internet e que escapam à contabilidade oficial da Tinta da China.
O livro «Diamantes de Sangue» ficou disponível gratuitamente, através da Internet, na segunda-feira ao fim da tarde, numa ação de solidariedade da editora, um dia antes do início do julgamento do autor, em Luanda. «Desta forma os angolanos que não têm acesso ao livro podem consultá-lo», disse Bárbara Bulhosa.
Rafael Marques é acusado de "denúncia caluniosa", por ter exposto abusos contra os direitos humanos na província diamantífera angolana da Lunda Norte, com a publicação, em Portugal, em setembro de 2011, do livro «Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola».
Os queixosos são sete generais, liderados pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, conhecido como "Kopelipa", e os representantes de duas empresas diamantíferas.
O julgamento que teve início na terça-feira no Tribunal Provincial de Luanda acabou por ser suspenso até ao dia 23 de abril, porque foram apresentadas novas queixas sem que o arguido tivesse sido notificado.
Entretanto, a secção portuguesa da Amnistia Internacional (AI) disse hoje à Lusa que a organização vai solicitar um encontro com o primeiro-ministro de Portugal Pedro Passos Coelho no sentido de sensibilizar as autoridades angolanas sobre o julgamento de Rafael Marques.
A Amnistia Internacional lançou na passada sexta-feira uma petição na Internet que, segundo Teresa Pina, foi subscrita por 3.492 pessoas através da página da secção portuguesa da organização. A campanha lançada em todo o mundo regista um especial envolvimento das secções de Portugal, Estados Unidos e Brasil e pode ser consultada através da página oficial da organização na internet.