Sucessor de Truss será ser encontrado até ao fim da próxima semana.
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O Reino Unido voltou a ficar sem chefe de Governo. Liz Truss demitiu-se, esta quinta-feira, do cargo de primeira-ministra.
Numa curta declaração ao país à porta da residência oficial em Downing Street, em Londres, Truss anunciou que já apresentou a sua demissão ao Rei Carlos III e que o seu sucessor será encontrado até ao fim da próxima semana.
"Assumi este cargo numa altura de grande instabilidade económica e internacional. Famílias e empresas preocupam-se em como pagar as contas. A guerra ilegal de Putin ameaça a segurança de um continente inteiro e o nosso país ficou para trás durante demasiado tempo pelo baixo crescimento económico", contextualiza.
"Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade o Rei para o notificar de que me demito como líder do Partido Conservador."
Liz Truss chefiou o governo britânico durante apenas 45 dias, o que, segundo a BBC, representa o mandato mais curto de um chefe de Governo no Reino Unido. Isto se não for tido em conta o caso de William Pulteney, primeiro Earl de Bath, que foi primeiro-ministro durante apenas dois dias em 1746, não tendo chegado a tomar posse.
Sujeita a criticas desde o primeiro dia de governação, a popularidade de Truss caiu ainda mais depois de apresentado o "mini orçamento" de 23 de setembro, quando o Governo britânico prometeu uma série de cortes fiscais sem explicar como iria financiá-los e controlar a dívida pública.
Como consequência, a libra desvalorizou e os juros sobre as obrigações do Estado aumentaram, o que obrigou o Banco de Inglaterra a intervir para evitar que a crise alastrasse para o resto da economia.
Mas em resposta à pressão da oposição para se demitir, a primeira-ministra assegurava, ainda esta quarta-feira: "Sou uma lutadora e não uma desistente". "Agi no interesse nacional para garantir a estabilidade económica" afirmou, no debate semanal na Câmara dos Comuns, enquanto alguns deputados gritavam "demita-se".
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Antes, numa entrevista à BBC na segunda-feira à noite, a primeira-ministra britânica pediu desculpas pelos "erros" que cometeu no início do mandato, mas mostrou-se disposta a conduzir o partido nas próximas eleições legislativas.
A posição da primeira-ministra tornou-se ainda mais precária nesse mesmo dia, com a demissão de Suella Braverman de ministra do Interior, entretanto substituída por Grant Shapps.
Na carta de renúncia, a ministra acusou Truss de romper com compromissos feito, nomeadamente na política migratória, e urgiu-a a assumir a responsabilidade pelos erros cometidos na estratégia económica, que criou turbulência nos mercados financeiros.
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"O funcionamento do governo depende de as pessoas aceitarem responsabilidade pelos seus erros. Fingir que não cometemos erros, continuar como se ninguém visse que os cometemos, e esperar que as coisas fiquem bem por magia não é politicamente sério. Eu cometi um erro, eu aceitei responsabilidade, eu demiti-me", afirmou Braverman.
Segundo um estudo da empresa YouGov, Truss atingiu o nível de popularidade mais baixo de qualquer primeiro-ministro, com apenas 10% de opiniões favoráveis entre os britânicos.
Na sondagem mais recente sobre as intenções de voto, realizada pela Redfield & Wilton Strategies, o Partido Trabalhista tem 56% das preferências, contra 20% do Partido Conservador.