Em causa está a formação de um governo de coligação. O Partido Unionista Democrático e o republicano Sinn Fein tinham até segunda-feira para alcançar um acordo mas negociações falharam.
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O governo do Reino Unido deu, esta terça-feira, um novo prazo, até à Páscoa, para os partidos da Irlanda do Norte negociarem um governo de coligação, mas advertiu que, se não chegarem a acordo até lá, suspende a autonomia.
O Partido Unionista Democrático (DUP) e o republicano Sinn Fein tinham até às 15h00 TMG (16:00 em Lisboa) de segunda-feira para chegar a acordo para a formação de um governo de coligação, na sequência das eleições de 2 de março, mas anunciaram o fracasso das negociações.
Durante uma intervenção no parlamento britânico, esta terça-feira, o ministro para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, afirmou que, se não houver acordo até à Páscoa (16 de abril), uma das opções para pôr fim ao impasse é o "direct rule" (administração direta) pelo governo de Londres, embora se trate de algo que "ninguém quer".
"Perante a ausência de um governo autónomo, a responsabilidade do Reino Unido é oferecer estabilidade política e boa administração [...] Não queremos a administração direta [...], mas se as negociações fracassarem, consideraremos todas as opções", afirmou.
O governante instou os partidos norte-irlandeses a "intensificarem as negociações", porque "o prazo é limitado" e têm de "resolver todas as questões pendentes".
James Brokenshire afirmou que a primeira-ministra, Theresa May, vai continuar "ativamente envolvida" nas negociações, recusando as críticas segundo as quais está demasiado ocupada com o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o 'Brexit', para se preocupar com a Irlanda do Norte.
O Sinn Fein, antigo braço político do inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), recusa entrar num governo de coligação enquanto o DUP não afastar a sua líder e primeira-ministra cessante, Arlene Foster, enquanto é investigado um caso de alegada corrupção envolvendo um programa de subsídios às energias renováveis.
A Irlanda do Norte vive uma crise política desde a demissão, em janeiro, do líder do Sinn Fein, Martin McGuinness, do cargo de vice-primeiro-ministro, por divergências sobre esse programa de subsídios.
McGuinness, que morreu na semana passada, abdicou da liderança do partido, na qual lhe sucedeu Michelle O'Neill, antes da realização de eleições antecipadas.
O escrutínio, realizado a 2 de março, foi vencido pelo DUP, embora tenha perdido eleitores para o Sinn Fein. Após o escrutínio, os partidos dispunham de um prazo de três semanas para formar um governo de coligação.