Luanda vive "cenário de terror", Governo angolano avisa que "ações criminosas" são "ataque ao Estado democrático e de direito"
A violência tomou conta das ruas no primeiro dia de greve dos táxis. A TSF falou com Edgar Kapapelo, representante adjunto do Partido UNITA em Portugal, que explicou tudo o que aconteceu e descreveu um cenário de "terror"
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Luanda vive "um cenário de terror" com a violência a tomar conta das ruas no primeiro dia de greve dos táxis. O Ministério do Interior angolano classificou como “ações criminosas” os eventos ocorridos “desde as primeiras horas” desta segunda-feira, considerando que “representam um ataque ao Estado democrático e de direito”.
“Essas ações criminosas que atentam contra a estabilidade pública representam um ataque ao Estado democrático e de direito e ao bem-estar dos cidadãos”, salienta-se num comunicado lido na televisão nacional.
Segundo o Ministério do Interior, “são atos premeditados de sabotagem e intimidação que não serão, em hipótese alguma, tolerados, pelo que as autoridades estão a tomar todas as medidas necessárias para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, bem como para identificar, responsabilizar e levar à justiça os mandantes e executores desses atos deploráveis”.
As autoridades angolanas reafirmam que “a situação de segurança pública é estável e apela à população para que se abstenha de participar ou incentivar esse tipo de ações e que colabore com as autoridades denunciando quaisquer atividades suspeitas”.
Os protestos irromperam durante o primeiro de três dias de paralisação dos taxistas contra o aumento dos combustíveis, com milhares de pessoas na rua, atos de violência e vandalismo, pilhagens e ataques a autocarros.
"É preciso que o Estado pare de fingir"
Ouvido pela TSF, Edgar Kapapelo, representante adjunto do Partido UNITA em Portugal, detalhou este "cenário de terror" e explicou: "Esta é uma manifestação que tinha sido adiada em função do preço dos combustíveis que afetam os preços de forma generalizada. E essa subida dos preços fez com que a população fizesse alguns alertas ao Governo."
O organizador da manifestação foi raptado, entretanto apareceu e “disse que tinha sido coagido pelas autoridades e na manhã do mesmo dia, proclama a manifestação”, acrescentou. Desde então, "foi um cenário de terror".
Foi um cenário de terror... barricadas, muitas artérias da cidade bloqueadas. Foi impossível qualquer tipo de circulação. Houve lojas vandalizadas, muitos carros mesmo destruídos.
Mas serão só os civis os responsáveis? Para Edgar Kapapelo a resposta é não. Sobre o comunicado do Governo angolano, o responsável mostrou uma visão diferente e acusa-o de “omissão”, numa altura em que, contou, as forças de seguranças também “estão a roubar”.
“É preciso que o Estado pare de fingir”, atirou.
O Consulado-Geral de Portugal em Luanda alertou para a atual situação de segurança na capital angolana, recomendando prudência e que se evitem deslocações desnecessárias, face aos tumultos que hoje ocorreram em vários pontos de Luanda.
“A atual situação de segurança em Luanda é objeto de monitorização e acompanhamento próximo por parte da representação diplomática de Portugal em Angola, em contacto com as competentes autoridades angolanas e com os parceiros da UE”, lê-se no comunicado publicado na página oficial do consulado.
O consulado aconselha os cidadãos portugueses a manterem “prudência e vigilância”, e sugere a adesão ao canal WhatsApp do Consulado-Geral de Portugal em Luanda.
Face aos “constrangimentos de mobilidade que se preveem para [terça-feira] 29 de julho”, o consulado informou ainda que “o atendimento ao público [...] se encontrará fortemente limitado” nesse dia, assegurando o “compromisso de reagendar para tão breve quanto possível todos os atos consulares que possam ser impactados por aquelas limitações”.
