O ativista foi ouvido esta quinta-feira na Comissão dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu onde fez denúncias de casos concretos.
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Luaty Beirão sublinhou, por exemplo, que em ano eleitoral o ambiente fica mais tenso, defendendo que, até por uma questão de credibilidade, o governo angolano deveria requerer a presença de observadores internacionais nas eleições no país.
"Normalmente, é em ano de eleições que começa a haver espaço para a intolerância política, há mais perseguições, há mais tensões, mais escaramuças, eventualmente repressões que podem acabar em mortes, inclusivamente", acrescentou, exemplificando com um ataque a uma caravana de deputados no sul de Angola, há uns meses. "A tensão vai aumentar até às eleições", considerou.
O ativista e músico luso-angolano disse também que continua a temer pela sua segurança, mas aprendeu a lidar com esse medo, considerando que "a tensão vai aumentar até às eleições".
"Eu continuo a temer pela minha segurança pessoal, mas o que é que a gente há de fazer? Enquanto estamos vivos, temos que saber lidar com esse medo e a cada passo temos de avaliar se o medo nos domina ou se nós o controlamos", disse o ativista, em declarações aos jornalistas, em Bruxelas.
"Há várias formas de repressão e várias formas de estarem atentos e nos monitorizarem e, eventualmente, se acharem que é mais útil, silenciarem-nos", acrescentou, reconhecendo que "toda a atenção mediática acaba por nos proteger um pouco mais".
Questionado sobre a sua participação num debate sobre a situação dos direitos humanos em Angola, na subcomissão parlamentar dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu (PE), Beirão salientou que veio a Bruxelas falar do percurso dos ativistas "enquanto cidadãos que lutam em Angola por um Estado plural, democrático, de direito".
Luaty Beirão foi um dos 17 ativistas detidos em junho de 2015 por estarem juntos a ler e a debater o conteúdo do livro de Gene Sharp "Da Ditadura à Democracia", tendo sobrevivido a duas greves da fome, uma das quais de 36 dias.