O convite foi confirmado durante o discurso do Presidente da Bielorrússia no Dia da Independência do país.
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O Presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, convidou os mercenários do grupo Wagner para se deslocarem ao seu país e treinarem as Forças Armadas. O convite surgiu esta sexta-feira, durante o discurso de celebração do Dia da Independência do país, segundo a agência noticiosa estatal Belta.
"Infelizmente eles [os mercenários do grupo Wagner] não estão cá. E se os seus instrutores, como já lhes disse, vierem transmitir-nos a sua experiência de combate, nós aceitaremos essa experiência", afirmou Aleksandr Lukashenko.
O convide de Lukashenko surge apenas uma semana depois de o líder bielorrusso ter sido considerado responsável por desarmar uma insurreição armada das forças wagnerianas contra Moscovo. Numa série de acontecimentos impressionantes que representaram a maior ameaça ao Presidente russo, Vladimir Putin, em muitos anos, o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, marchou com as suas forças em direção à capital russa, assumindo o controlo de instalações militares em duas cidades russas no que disse ser uma resposta a um ataque militar russo a um acampamento wagneriano.
A crise só acalmou depois de Lukashenko ter negociado a transferência de Prigozhin para a Bielorrússia. No âmbito do mesmo acordo, as tropas wagnerianas tiveram a opção de se alistar nas Forças Armadas russas, nas forças policiais, regressar à sua família e amigos ou ir para a Bielorrússia.
Prigozhin, antigo aliado do Kremlin que criou o exército privado mais poderoso da Rússia, recrutou milhares de reclusos para combater na Ucrânia, além dos combatentes contratados destacados na Síria, África e América Latina. A presença de Prigozhin na Bielorrússia foi, de imediato, criticada pela líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaia, que lembrou que o líder do grupo Wagner e o Presidente bielorrusso "não são aliados e podem ser desleais um contra o outro".
Tikhanovskaya, que reivindicou vitória sobre Lukashenko nas eleições presidenciais de 2020, salientou que ainda "há muito por esclarecer" sobre o alegado acordo.