Lula afirma que pedido de amnistia de Bolsonaro "prova que é culpado" e que "elaborou plano" para o matar
Num tom irónico, o chefe de Estado brasileiro afirmou que Jair Bolsonaro só não levou o plano avante porque teve "uma diarreia no dia" e ficou "com medo", tendo por isso procurado refúgio nos Estados Unidos da América
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O Presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou esta quinta-feira que quando Jair Bolsonaro pede amnistia ao Congresso para os seus apoiantes que vandalizaram edifícios em Brasília, em janeiro de 2023, está a "provar" a sua culpa na tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro encontrou-se na quarta-feira com deputados da oposição para pedir uma amnistia a quem invadiu a sede dos três poderes, em Brasília, para tentar impedir a posse de Lula. A Polícia Federal brasileira já tinha concluído em novembro de 2024 que Jair Bolsonaro "planeou, atuou e teve o domínio de forma direta" na tentativa do golpe de Estado e sabia do plano para matar Lula da Silva.
Numa entrevista a uma rádio local, a Rádio Tupi, o atual chefe de Estado não poupou nas críticas ao opositor e reagiu a este pedido, tirando as suas conclusões.
"Ele deveria estar falando: 'Eu vou provar a minha inocência.' Mas ele está pedindo amnistia, ou seja, ele está dizendo: 'Gente, eu sou culpado. Eu tentei elaborar um plano para matar Lula", assinalou.
"'Então, por favor, me perdoe antes de eu ser condenado'", rematou.
Na terça-feira à noite, o ex-Presidente Jair Bolsonaro foi acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República do Brasil de liderar uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no país após a derrota para atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições presidenciais de 2022.
Num comunicado, o procurador-geral da República do país, Paulo Gonet Branco, confirmou que encaminhou para o Supremo Tribunal Federal (STF) denúncias contra o ex-presidente e outras 33 pessoas que teriam encorajado e realizado atos contra os poderes executivo, legislativo e judicial e contra o Estado democrático de direito.
Com a acusação formalizada, caberá ao STF decidir se Bolsonaro e os outros arguidos se tornarão réus e passarão a responder a um processo penal.
Os denunciados foram acusados dos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o património público e deterioração de património classificado, numa denúncia enviada ao juiz Alexandre de Moraes, responsável pela análise do caso no STF.
O ex-Presidente Jair Bolsonaro declarou na quarta-feira, através dos seus advogados, estar indignado e estarrecido após ser acusado.