Lula afirma que o Brasil "quer encontrar um jeito de estabelecer a paz entre a Rússia e Ucrânia".
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Lula da Silva admitiu, este sábado, que a Rússia começou "uma guerra contra a Ucrânia", condenando a "violação da integridade territorial da Ucrânia" e defendendo "uma solução política negociada para o conflito".
"Ao mesmo tempo que defendemos a integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito. Precisamos criar urgentemente um grupo de países que tente sentar-se à mesa, tanto com a Ucrânia como com a Rússia, para encontrar a paz", afirmou em conferência de imprensa após uma reunião com Marcelo Rebelo de Sousa.
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"Estamos numa situação em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia está a afetar a humanidade (...) e é por isso que temos de encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz e não em guerra", sublinhou.
Por isso, acrescentou: "eu não quero agradar a ninguém, eu quero é construir uma forma de colocar os dois à mesa", lembrando que o que parecia impossível aconteceu na II Guerra Mundial.
Lula garantiu que o Brasil condena "a Rússia pela ocupação e por ter ferido a integridade territorial da Ucrânia". "Não somos favoráveis à guerra, queremos a paz. O Brasil quer encontrar um jeito de estabelecer a paz entre a Rússia e Ucrânia. O Brasil não quer participar na guerra", sublinhou o presidente brasileiro.
Agora, defendeu, Lula da Silva, "o facto está criado, a guerra (...) e eu quero é escolher uma terceira via que é da construção da paz", salientou, assegurando que não vai visitar nenhum dos dois países até que a situação esteja estabilizada.
Por isso, avançou: "Vou falar com mais países (...) e quem sabe um dia, que deve estar perto, a gente vai encontrar um jeito de sentar à mesa para conversar".
O ministro de Estado brasileiro, Márcio Macedo, disse esta sexta-feira, após um encontro com a Associação de Ucranianos em Portugal, que o Presidente Lula da Silva determinou que o seu assessor para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, visite a Ucrânia, o que Lula confirmou este sábado.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou na sexta-feira a Lisboa para uma visita oficial a Portugal, com uma agenda intensa, que inclui a cimeira luso-brasileira que decorre hoje no Centro Cultural de Belém.
"A viagem faz parte do relançamento das relações diplomáticas do Brasil com seus principais parceiros, como já foi o caso da visita à China, há 10 dias, e aos Estados Unidos, Argentina e Uruguai nesse início de governo", indicou a presidência brasileira, em comunicado.
"Cerca de 252 mil brasileiros residem legalmente em Portugal, de acordo com dados. Isso não contabiliza os brasileiros com nacionalidade portuguesa ou outra nacionalidade europeia. Segundo estimativas das repartições consulares do Brasil em Portugal, a comunidade brasileira poderia estar entre 275 mil e 300 mil pessoas", recordou o Governo brasileiro, de forma a enfatizar a importância desta viagem, a primeira à Europa desde que Lula tomou posse em 01 de Janeiro.
Hoje, Lula da Silva iniciou o dia com uma cerimónia de boas vindas com honras militares na Praça do Império, em Lisboa, seguida de uma outra breve cerimónia no interior do Mosteiro dos Jerónimos, com deposição de coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, acompanhado do Presidente Português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Algumas dezenas de pessoas acompanham desde o início da manhã as várias etapas da visita em Belém, numa manifestação de apoio a Lula da Silva, mas onde apareceram também alguns manifestantes críticos do Presidente brasileiro.
Depois, reuniu-se com o homólogo português no Palácio de Belém, a que se seguiu um encontro ampliado de delegações.
Agora, seguiu para um almoço com o primeiro-ministro português António Costa, após o qual ocorrerá um dos pontos altos do programa, a 13.ª cimeira luso-brasileira.
Depois do encontro deverão ser assinados mais do dobro dos acordos que na última que existiu entre os dois países em 2016.
O Governo brasileiro frisou que "a preparação para o encontro começou no fim do ano passado, após as eleições presidenciais", em outubro de 2022, nas quais Lula da Silva saiu vencedor contra Jair Bolsonaro.
Na quarta-feira passada, em conferência de imprensa no Palácio Itamaraty, em Brasília, a secretária de Europa e América do Norte, Embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, detalhou que serão ainda assinados, no Centro Cultural de Belém, memorandos de entendimento da área da energia, geologia e mineração, o "reconhecimento mútuo dos títulos de condução" entre os dois países, direitos de pessoas com deficiências, um memorando de área do turismo, entre outros.
O dia de hoje termina com um jantar de Estado oferecido pelo Presidente português no Palácio da Ajuda.
Domingo, a agenda de Lula da Silva, para já, "está livre", disse a diplomata brasileira.
* Notícia atualizada às 14h31