Lula da Silva diz ter "tentado marcar uma conversa" com o primeiro-ministro português. Mas, Costa "teve de sair mais cedo".
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O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva lamentou esta quarta-feira, em Bruxelas, que não tenha sido possível a realização de um encontro bilateral com o primeiro-ministro português, num "momento excecional" na relação entre os dois países.
Revelando que pretendia encontrar-se com o primeiro-ministro português "para aprimorar a relação", Luiz da Silva afirma que essa impossibilidade foi um dos motivos pelo qual não falou sobre a guerra na Ucrânia, o tema que marcou as discussões, no início da semana, durante os dois dias de cimeira da União Europeia e a América Latina/Caribe.
"Eu não conversei sobre a guerra com António Costa", afirmou Lula da Silva, questionado pela imprensa portuguesa, revelando que "não teve [uma reunião] bilateral com António Costa", apesar da tentativa.
"Eu tinha tentado marcar uma conversa com António Costa, ontem à noite, [terça-feira], para a gente conversar outros assuntos e aprimorar a nossa relação, mas ele teve que sair mais cedo", revelou. "Então não foi possível conversar", lamentou, insistindo: "eu não discuti a guerra com António Costa".
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Este foi um dos temas que marcou os dois dias da cimeira, e que mais entraves criou à aprovação de uma declaração final. Lula da Silva considera que há um "nervosismo" na União Europeia, a propósito da Ucrânia, mas este tem de ser compreendido.
"Obviamente que eu não posso perder de compreender o nervosismo da União Europeia", afirmou Lula da Silva, frisando que "afinal de contas, tem uns países que têm fronteira com a Ucrânia".
"É normal que as pessoas que estão ali tenham uma preocupação maior do que a minha, que estou a 14 mil quilómetros de distância", confessou o Presidente do Brasil, destacando que "é exatamente pelo fato de a gente estar distante, que a gente pode ter a tranquilidade de não entrar no clima [em] que estão os europeus e tentar criar um clima de que, olha, vamos construir a paz".
Relação com Portugal
Lula da Silva destacou que Portugal e o Brasil vivem um dos momentos mais altos de uma relação histórica e afetiva com mais de cinco séculos. "Se em 1500 Portugal descobriu o Brasil, em 2026 Brasil descobriu Portugal. "O Presidente queria dizer 2023," segundo esclareceu gabinete de Lula da Silva à TSF.
"Aliás, o Brasil vive um momento excecional na sua relação com Portugal, ou seja, a quantidade de brasileiros que tem em Portugal hoje, daqui a pouco, será maior do que a população portuguesa", vincou o Presidente Brasileiro, numa conferência de imprensa, ainda em Bruxelas, ainda antes de deixar a capital da Bélgica, para regressar ao Brasil.
De caminho, fará uma paragem técnica "em Cabo Verde para reabastecer o avião", contando aí, encontrar-se com o Presidente daquele país, José Maria Neves, revelou Lula da Silva.