Como vai ficar o Governo de Dilma com "a sombra" de Lula? A análise do vice-presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil e do editor de política da Folha de São Paulo.
Corpo do artigo
O vice presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil não tem dúvidas: a partir de agora é Lula da Silva quem vai estar ao comando do governo.
António Coradinho defende que o ex-Presidente da República ao aceitar o convite de Dilma Rousseff para ser chefe da Casa Civil está a tentar " livrar-se da justiça" e a tentar "adiar lá para a frente uma coisa que é quase inevitável".
António Coradinho afirma que Dilma fica a partir de agora "como uma presidente decorativa" sublinhando que "quem realmente vai comandar o país numa situação difícil é o próprio chefe da Casa Civil, o próprio Lula".
Em causa está um problema de "credibilidade". O vice presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil explica que "o ex-Presidente está sem credibilidade porque as provas são cada vez mais contundentes" e ele continua a negar sempre "tudo o que é provado pela própria justiça".
Coradinho sublinha que "a entrada de Lula no cenário político através do ministério só vai piorar a situação económica porque os formadores de opinião e os empresários, os que geram riqueza, são os que estiveram nas manifestações" de domingo, 13 de março.
A decisão de Lula da Silva de aceitar este convite significa que ele "está desesperado" e "se não conseguirem provar que ele está a obstruir a justiça" o antigo presidente terá de enfrentar o possível julgamento "da mulher e do filho pela justiça comum" o que o poderá deixar "numa situação difícil".
Ainda não se sabe como vai acordar o Brasil nos próximos dias mas certo é que "é preciso mudar todo o Governo, não há outra solução e nós não sabemos o que pode acontecer porque toda a economia está paralisada", acrescenta.
Lula "é um contador de histórias". Dilma é "dura e distante"
A TSF ouviu também o editor de política do jornal Folha de São Paulo. Fábio Zanini admite que Lula da Silva vai dar algum "fôlego político ao Governo" de Dilma Rousseff que está "paralisado, é um Governo cercado, que não tem iniciativa e se aproxima de um quadro de falência múltipla dos órgãos".
Para Zanini, por um lado, "a chegada de Lula da Silva, por ser uma pessoa mais respeitada" pode "num primeiro momento dar alguma força política ao Governo" mas por outro lado, é preciso não esquecer que "a impressão que passa é que ele está a fugir, com medo de ser preso", sublinha.
O editor de política do jornal Folha de São Paulo, que acompanhou como repórter duas eleições presidenciais de Lula destaca que o antigo Presidente "é uma pessoa de fácil trato, um contador de histórias, uma pessoa que conversa, que tem uma simpatia muito grande" ao contrário de Dilma Rousseff que "é uma pessoa mais distante, dura, brava, amedrontadora" em muitos momentos.
Na opinião de Zanini, a chefe de Estado "fica mais frágil" e a pergunta que se coloca é "que tipo de Presidente vai ser" daqui em diante? O editor de política da Folha de São Paulo entende que Dilma "terá a sombra de Lula ali ao lado dela, muito forte".
O editor deixa ainda algumas questões: Dilma "vai ser uma rainha de Inglaterra? Vai ficar a receber apenas embaixadores? Ficam as dúvidas.