Lula diz que ONU deixou de funcionar: "Quem pode aceitar o genocídio que dura há tanto tempo"
O chefe de Estado brasileiro atira ainda ao homólogo norte-americano, afirmando que, "para um líder, andar de cabeça erguida é mais importante do que um Prémio Nobel"
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O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou duramente a Organização das Nações Unidas (ONU) e outras instituições multilaterais, considerando que "deixaram de funcionar" e não conseguiram proteger as vítimas da guerra de Israel em Gaza.
"Quem pode aceitar o genocídio que dura há tanto tempo na Faixa de Gaza", perguntou este sábado Lula aos jornalistas após a reunião bilateral com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, antes da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em Kuala Lumpur, na Malásia.
Segundo Lula, as instituições multilaterais que "foram criadas para tentar impedir estas coisas deixaram de funcionar" e, hoje, "o Conselho de Segurança da ONU e a ONU já não funcionam".
Lula disse ainda que "para um líder andar de cabeça erguida é mais importante do que um Prémio Nobel", numa crítica implícita ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump também é esperado na Malásia, onde participará na cimeira da ASEAN no domingo, dia em que se espera que Trump compareça na assinatura de um acordo de paz entre a Tailândia e o Camboja.
Os líderes dos Estados Unidos e do Brasil começaram recentemente a suavizar as suas diferenças após meses de tensões sobre o julgamento e a condenação do aliado de Donald Trump, o ex-Presidente brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro.
Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre vários produtos brasileiros e impôs sanções a vários altos funcionários, incluindo um juiz do Supremo Tribunal, para punir o Brasil pelo que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
Este sábado, Trump afirmou que planeia encontrar-se com o homólogo brasileiro, Lula da Silva, durante a digressão que vai fazer pela Ásia.
"Penso que nos vamos encontrar, sim. Já nos vimos brevemente na Assembleia Geral das Nações Unidas", disse, na sexta-feira, Trump a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One, que se dirige à Malásia para a primeira paragem de uma viagem à Ásia que inclui também visitas ao Japão e à Coreia do Sul.
Quando questionado sobre a possibilidade de reduzir as tarifas de 50% impostas às importações do Brasil, o líder norte-americano deixou a porta aberta afirmando estar disposto a fazê-lo "se as circunstâncias forem adequadas".