A visita do Presidente da República à China termina na quarta-feira em Macau, território onde a marca Portugal ainda está muito presente. A cidade foi administrada por Lisboa durante mais de quatro séculos e agora é uma montra para os produtos portugueses no Oriente.
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A explosão do turismo em Macau ao longo da última década e meia permitiu uma maior visibilidade aos produtos portugueses para os consumidores da China continental, que visitam a cidade "capital mundial do jogo", onde chega o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa na terça-feira, dia 30 de abril para uma estadia de 24 horas. O presidente da Associação Comercial Internacional dos Mercados Lusófonos afirma que a marca Portugal é associada a produtos alimentares e medicamentos de qualidade, uma tendência que tem vindo a ser reforçada ao longo da última década.
É certo que a marca Portugal não é nova em Macau, uma vez que Lisboa administrou o território ao longo de mais de 400 anos até 19 de dezembro de 1999. Todavia, o crescimento exponencial do mercado de consumo da China e a explosão do turismo em Macau, resultante também da liberalização da indústria do jogo trouxe novas oportunidades.
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Em 2018, visitaram Macau 35 milhões de turistas, sendo a maioria, 25 milhões oriunda da China continental, além dos 6 milhões de Hong Kong. Os famosos casinos são o principal chamariz até porque este é o único território chinês em que os jogos de fortuna e azar são permitidos. Mas há outros motivos, como o centros Histórico Património Mundial da UNESCO ou a aquisição de produtos de qualidade que não se encontram facilmente no continente.
É o caso dos medicamentos portugueses, cuja importação mais que duplicou em 2018, comparado com os valores de 2017, segundo estatísticas oficiais das autoridades da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). Eduardo Ambrósio, presidente da Associação Comercial Internacional dos Mercados Lusófonos, explica que "entre os 30 milhões de chineses que vêm a Macau todos os anos, muitos compram medicamentos para levarem para a China continental". Ambrósio, empresário macaense que vive do negócio de importação e exportação há mais de três décadas, salienta que "há pouca confiança na qualidade dos medicamentos comprados na China pelo que este é um grande negócio em Macau e as marcas portuguesas são hoje muito mais conhecidas que há 10 anos".
Mas há mais. Produtos alimentares, vinho e azeite são facilmente encontrados nos supermercados e em restaurantes. No total, as importações de produtos portugueses subiram 23 por cento no ano passado em comparação com 2017.
Cerca de duas décadas após a transferência de administração, Macau funciona assim como uma montra para a marca Portugal. Alguns produtos portugueses são bastante populares, mesmo quando consumidos à moda chinesa. "Nós ensinámos os chineses a comer sardinha com o pão, mas na verdade os chineses comem sardinha ao pequeno-almoço, almoço ou jantar, com noodles", explica Eduardo Ambrósio, antes de oferecer um café de Timor-Leste no stand da sua associação na Feira Internacional de Turismo de Macau, que teve lugar este fim de semana nas instalações do centro de convenções do Venetian, complexo que alberga o maior casino do mundo.