O chefe da diplomacia espanhola pede à UE que aposte no crescimento económico. Já o ministro das Finanças diz que a meta de 4,4 por cento para o défice em 2012 tem de ser revista.
Corpo do artigo
Numa entrevista ao jornal El País, a primeira desde a posse do novo governo de Madrid, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros apela à União Europeia para que faça mais para incentivar o crescimento económico.
Nesta entrevista, o chefe da diplomacia de Madrid defendeu que Bruxelas não deve concentrar-se apenas na austeridade.
José Manuel García-Margallo afirmou que as instituições da União Europeia têm uma papel a desempenhar. A Europa dos 27 deve apostar no crescimento, recusar a concentração apenas focada nas medidas de austeridade e abdicar da ideia de cortes para lutar contra a dívida e salvar o euro.
Se nos últimos dez anos a banca europeia tivesse feito o dobro do esforço, os 27 teriam agora o mesmo dinheiro que a região tinha a seguir à segunda guerra mundial com o Plano Marshall para reconstruir a Europa, considerou.
Sem eufemismo, Margallo afirmou que a única saída para a crise do euro é criar uma Europa federal e avisou que os 120 mil milhões de euros que a Comissão Europeia possui podem e devem ser carnalizados par o combate ao desemprego dos jovens.
Acrescentou ainda que austeridade e estabilização são necessários, mas, vincou, é sobretudo urgente apostar na criação de postos de trabalho.
José Manuel García-Margallo afirmou-se profundamente europeísta e fez saber que teme as consequências de um possível afastamento do Reino Unido.
Por seu lado, o ministro espanhol das finanças defendeu uma revisão da meta do défice para 2012.
Numa entrevista ao jornal La Vanguardia, Cristóbal Montoro alertou que o objectivo de 4,4 por cento acertado com a União Europeia foi feito com base em pressupostos que estão ultrapassados.
O responsável pelas Finanças espanholas justificou que esse cenário foi definido quando Bruxelas ainda previa crescimento para este ano, mas, avisou, nesta altura a Europa enfrenta uma forte possibilidade de recessão.
Na próxima terça-feira, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, viaja a Lisboa, onde tem encontro marcado com Pedro Passos Coelho.