
Maduro contra EUA
Reuters
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou os EUA de estarem "desesperados" para avançar com um golpe de Estado contra o Governo de Caracas
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Maduro acusa ainda os Estados Unidos de usarem a imprensa norte-americana para apelar a uma intervenção estrangeira na Venezuela.
"Que razões tem este império decadente e imoral para que um dos jornais que sempre tem servido como impulsionador de golpes de Estado hoje apele a uma intervenção na Venezuela?", disse Maduro em Caracas, na quarta-feira, nas cerimónias de celebração do Dia Nacional da Milícia Bolivariana, numa referência ao editorial de quarta-feira do The Washington Post, que insistia na necessidade de uma intervenção política estrangeira na Venezuela.
"Condeno e refuto todas as ameaças que se fazem desde Washington contra a Venezuela", frisou.
Maduro pediu às Forças Armadas para analisarem e atualizarem todos os planos de defesa nacional.
Segundo afirmou, Washington organiza uma "conspiração golpista para derrocar o Governo revolucionário e acabar com a pátria venezuelana".
"Está em marcha. Há uma conspiração golpista dirigida desde Washington", sublinhou.
Por outro lado, considerou que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "revelou as suas verdadeiras intenções" ao apelar à substituição do Governo venezuelano.
"Pela primeira vez, um Presidente dos EUA, em tempo de revolução, pede publicamente e apela à 'substituição imediata' do Governo constitucional e legítimo da Venezuela", disse, instando os venezuelanos a "levantar a voz da dignidade e a condenarem a ingerência golpista do Governo dos Estados Unidos em assuntos que dizem respeito só aos venezuelanos".
O diário norte-americano The Washington Post dedicou na quarta-feira um editorial a Nicolas Maduro, insistindo que a Venezuela precisa de uma intervenção política estrangeira de forma a preservar a democracia na região.
"A Venezuela precisa desesperadamente de uma intervenção política dos [países] vizinhos, que têm um mecanismo pronto na Organização de Estados Americanos que é a Carta Democrática Interamericana, um tratado que prevê uma ação coletiva quando um regime viola as normas constitucionais", diz o jornal.
Segundo o Washington Post, "os líderes da região estão distraídos", o "Brasil sofre a sua própria crise política, enquanto a administração de Obama está preocupada com Cuba. Enquanto a Casa Branca corteja os Castro eles usam o seu controlo sobre as forças de segurança e informações da Venezuela e ajudam, há muito tempo, Maduro a fomentar táticas 'kamikazes'. É provável que uma explosão não esteja longe".
Oposição "não vai derrubar governo"
Por outro lado, quanto à oposição, Maduro diz que "não têm futuro" os mecanismos que a oposição pretende usar para derrubar o seu Governo e convocar eleições ainda este ano.
"Nenhuma das opções e ações anunciadas pela direita, a oligarquia e o golpismo tem viabilidade política ou futuro no nosso país. Aqui, a revolução bolivariana vai continuar a governar. (...) Digo-o com clareza constitucional", afirmou Maduro, durante um ato oficial.
Entre as opções que estão a ser analisadas pela oposição para derrubar o Governo figura a aprovação de uma emenda constitucional que encurte o mandato presidencial de seis para quatro anos, o início do processo para convocar um referendo revogatório ou pressionar a renúncia do Presidente.
A oposição controla neste momento o parlamento, onde tem maioria absoluta.
Para o líder venezuelano, "as loucuras tiradas da manga pela direta venezuelana" "não têm viabilidade política, geopolítica, constitucional".
Maduro insistiu que neste ano e nos próximo o fundamental é concentrar meios e atenção na resposta à emergência económica que enfrenta o país, que fechou 2015 com um dos piores desempenhos da região e que viu as suas receitas encolherem mais de 70% devido à queda do preço do petróleo.