Maduro toma posse daqui a dois dias e Europa ainda não sabe quem vai enviar à cerimónia
A menos de 48 horas da investidura de Nicolas Maduro, ainda não há decisão sobre quem vai representar a União Europeia na cerimónia, em Caracas.
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Há menos de um mês, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) decidiram assumir uma posição conjunta, prescindindo de uma representação bilateral, na cerimónia de investidura do líder de um regime alvo de sanções europeias, na sequência de umas eleições não reconhecidas. Na mesma altura, decidiram que deveria haver um representante comum aos 28, mas até hoje não está escolhido esse representante.
Questionada em Bruxelas sobre se já existe uma decisão, ou pelo menos se já está decidido a que nível a UE se fará representar, fonte do gabinete da Alta Representante da União Europeia para a Política Externa afirmou à TSF que as "consultas ainda estão em curso".
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Em Bruxelas, os governos reúnem-se esta terça-feira, num conselho de Assuntos Gerais, ao nível dos secretários de Estado, tutelados pelos Negócios Estrangeiros. Esta poderia ser uma oportunidade para discutir o assunto. Mas, ao que a TSF apurou, o tema não consta em nenhum dos pontos da agenda oficial. O tema poderia, contudo, ser discutido à margem da agenda, mas, neste âmbito, apenas deverá ser feito um ponto da situação sobre o Brexit, e "nada sobre a Venezuela", avançou outra fonte.
Os governos europeus decidiram a 10 de dezembro, num Conselho de Negócios Estrangeiros, que haveria um representante comum a toda a UE. Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, disse que tinham estado "a concertar" posições "de forma a que a atitude da UE seja clara para todos", remetendo para Federica Mogherini, a quem compete "dizer qual é a posição a que nós chegámos".
Na conferência de imprensa que se seguiu, Mogherini apoiou "uma linha comum entre os Estados-membros", estando convicta de que "será equilibrada, mas também um sinal muito claro às autoridades do país."
"Como sabem, na Europa relacionamo-nos com países, não com governos e autoridades. Muitos dos cidadãos da UE que vivem na Venezuela têm de continuar a beneficiar de apoio consular das embaixadas dos Estados-membros da UE, mas teremos uma política muito clara quanto à tomada de posse em si própria, que conhecerão nas próximas semanas. E a nossa posição continuará a ser muito clara e expressa de forma comum quando falamos de 10 de janeiro", disse.
Na Manhã TSF, José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), afirmou que, em temas sensíveis, a União Europeia tem sempre grandes dificuldades
em encontrar uma solução.
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O especialista considera que neste dilema, em último caso, a solução poderá sair das mãos da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
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*com Fernando Alves