
Reuters
O número é da Cáritas libanesa e foi revelado hoje em Lisboa. A Plataforma de Apoio aos Refugiados enviou mais de 200 mil euros para os refugiados no Líbano, mas prolongou a recolha de fundos até ao final de março.
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Para já, foram recolhidos 206 mil euros, distribuídos em partes iguais pela Cáritas no Líbano, e pelo Serviço Jesuíta para os Refugiados, uma organização da Igreja Católica que trabalha com crianças nas escolas.
A entrega simbólica do dinheiro foi feita numa cerimónia onde esteve Paul Karam o padre que dirige a Cáritas libanesa. Os números oficiais contam cerca de um milhão de sírios refugiados no Líbano. Mas a Cáritas afirma que são muitos mais.
"No terreno, sabemos que são, pelo menos, um milhão e meio. Porque muitos recusam-se a fazer o registo junto das Nações Unidas", afirma Paul Karam.
Um milhão e meio de pessoas fugidas da guerra, a viver onde calha. "Vivem em garagens. Três, quatro, cinco famílias num só quarto. A céu aberto. Em locais fechados. Em todo o lado! Eles estão em todo o lado".
O responsável da Cáritas libanesa lança um veemente apelo à paz e ao fim do tráfico de armas. "Toda a gente sabe quem produz as armas. Também toda a gente sabe quem as vende. Mas que paga as consequências é a Humanidade".
100 mil euros para a Cáritas no Líbano, outros 100 mil para o trabalho dos Jesuítas com crianças refugiadas em escolas libanesas. Num contacto com Lisboa via Skype, o padre responsável pelo projeto conta que o dinheiro vai todo para comida.
"A maior parte das crianças vem para a escola, sem comer nada, de manhã. Portanto, decidimos usar todo o dinheiro em lanches. Sandes, fruta, alguma água, de manhã, para que possam aprender".
Guterres: nunca o mundo foi "tão incapaz"
Um dos convidados da sessão promovida pela Plataforma de Apoio aos Refugiados foi António Guterres, antigo alto-comissário da ONU para os Refugiados.
Guterres repetiu, em tom veemente, as críticas à ação mundial na crise dos refugiados: "Não me recordo, na minha vida, de uma fase em que a comunidade internacional fosse tão incapaz de encontrar soluções para os problemas que a paz tem vindo a enfrentar".
O antigo alto-comissário lembrou que, "por cada libanês, há um refugiado sírio". E, tendo em conta este cenário, a atitude da Europa perante os refugiados é ainda mais "difícil de explicar".
"Se há um por cada três no Líbano, há cerca de dois por mil na Europa." Uma situação que, considera António Guterres, "deveria ser facilmente gerível na Europa".