Um especialista em doenças infecciosas comparou a nova variante da Covid-19 com o sarampo, outro vírus altamente contagioso. Os seus cálculos mostram que a Ómicron é o vírus "com a propagação mais rápida da História".
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A Ómicron é o vírus "com a propagação mais rápida da História". Um caso da nova variante da Covid-19 dá origem a seis em quatro dias, 36 em oito dias e 216 em 12 dias. Os cálculos são de Roby Bhattacharyya, especialista em doenças infecciosas do Hospital General de Massachusetts, nos Estados Unidos.
"É uma propagação incrivelmente rápida", afirma Bhattacharyya, em declarações ao El País.
O investigador comparou a velocidade de transmissão da variante Ómicron com o sarampo, outro vírus altamente contagioso. A chave está nos dias que decorrem desde o momento em que a primeira pessoa é infetada até que outras sejam contagiadas por essa mesma pessoa. Com sarampo, passam cerca de 12 dias. No caso da Ómicron, são precisos apenas quatro ou cinco dias.
"Um caso de sarampo dá origem a 15 casos em 12 dias. Um caso de Ómicron origina outros seis em quatro dias, 36 casos em oito dias e 216 em 12 dias", resume Bhattacharyya.
Devido à vacinação, o especialista considera que cada infetado com a Ómicron é capaz de contagiar outras três pessoas, um número semelhante ao do vírus original, que foi descoberto na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019, e que encontrou um planeta sem defesas e sem medidas de contenção.
"Nas condições atuais, um modelo simples de crescimento exponencial mostra 14 milhões de pessoas infetadas em 60 dias a partir de um único caso, em comparação com 760.000 com sarampo numa população sem defesas específicas", alerta Bhattacharyya.
No mesmo plano, o historiador e médico Anton Erkoreka mostra-se surpreso com a força desta variante. "É o vírus mais explosivo e de disseminação mais rápida da história", disse também em declarações ao jornal espanhol.
A velocidade de propagação da Ómicron é clara, mas ainda existem dúvidas sobre o seu efeito em populações com altas taxas de vacinação entre os mais vulneráveis.
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A variante Ómicron já chegou a 110 países em todo o mundo. O diagnóstico foi traçado no mais recente ponto de situação feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS já tinha notado que, em vários países, a transmissão é comunitária, e a variante Ómicron já é dominante, propagando-se de forma exponencial, e duplicando os seus casos nas comunidades em dois a três dias.
A OMS salientou a importância da realização de mais estudos, mas as investigações preliminares mostram que a Ómicron gera casos menos graves do que a variante Delta, o que poderá ser explicado pelo facto de a Ómicron se replicar mais devagar nos pulmões. Já nos brônquios, a Ómicron replica-se 70 vezes mais depressa do que a variante inicial do SARS-CoV-2.
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