O grupo terrorista financiou-se principalmente através da caridade (dinheiro enviado para associações ou membros da família que estão no local) e de despojos de guerra (através de atos criminosos).
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As autoridades francesas identificaram um total de 416 doadores que financiaram o grupo extremista Daesh, indicou esta quinta-feira o procurador de Paris, François Molins, quando decorre na capital francesa uma conferência sobre o financiamento do terrorismo internacional.
Em declarações à rádio France Info, Molins declarou-se preocupado com um "microfinanciamento do terrorismo", através de somas "pequenas mas numerosas".
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Um trabalho de "coordenação com os serviços de informação financeira" permitiu identificar em França aqueles 416 doadores nos últimos dois anos. "O que é muito", comentou Molins.
Os seus serviços também identificaram "320 coletores, a maioria com base na Turquia e no Líbano, através dos quais os 'jihadistas' que se encontravam na Síria ou no Iraque podiam receber os fundos", adiantou o magistrado.
Ao jornal Le Parisien, Molins sublinhou que o grupo Estado Islâmico "financiou-se principalmente" através da "'zakat', a caridade: envia-se dinheiro para associações com fins humanitários ou diretamente a membros da família que estão no local" e da "'ghanima' os despojos de guerra: o financiamento através de atos criminosos".
A justiça conta com vários dossiers sobre pais suspeitos de ter enviado dinheiro para o filho, que combate nas fileiras dos 'jihadistas', e já houve condenações.
O sistema que permite transferir rapidamente dinheiro para um terceiro também foi utilizado para financiar terroristas no Iraque e na Síria. O Banco Postal está a ser alvo desde setembro de um inquérito preliminar do Ministério Público de Paris por suspeita de falta de vigilância nesta matéria.
A decorrer na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) desde quarta-feira, a conferência de Paris reúne perto de 500 especialistas e 80 ministros de 72 países, para analisar o financiamento do terrorismo internacional, em particular o do Estado Islâmico e da Al-Qaida.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, deverá encerrar os trabalhos.