As centenas de manifestantes que ocupam desde sexta-feira a Praça Tahrir, no Cairo, prometeram este domingo continuar a lutar por reformas e justiça, apesar das medidas anunciadas no sábado pelo governo egípcio.
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Os manifestantes, que já vão na segunda noite passada num acampamento colectivo na praça central da capital egípcia, estão determinados a não abandonar o local.
«Quanto mais tempo permanecermos, a mais reivindicações responderão», considera a activista Dina Muhammad, ouvida pela agência AFP.
«Removeram o ponto mais alto, mas o edifício ainda está intacto», disse à agência AP o agricultor Abdel Rahim, referindo-se ao regime do deposto presidente, Hosni Mubarak, para quem defende «um julgamento público».
Vários movimentos de jovens que pedem reformas democráticas no país, muito activos na Internet, apelaram igualmente a que se continue a ocupar a Praça Tahrir.
O acampamento na capital egípcia não é único. As tendas proliferam nas praças das principais cidades do país, como Alexandria e Suez.
Após duas semanas de crescente tensão marcadas por confrontos entre a polícia e os manifestantes, o primeiro-ministro egípcio, Essam Charaf, comprometeu-se a satisfazer algumas reivindicações, apresentando uma série de medidas durante um discurso na televisão no sábado à noite.
Entre elas anunciou a suspensão dos polícias acusados da morte de manifestantes durante a sublevação que resultou no derrube do regime do presidente Hosni Mubarak no início do ano.
Prometeu também uma justiça mais rápida e firme para as pessoas identificadas como responsáveis pela violência que, oficialmente, causou a morte a 850 civis, e nos julgamentos por corrupção dos notáveis do antigo regime.
O discurso televisivo de sábado à noite foi acolhido sem entusiasmo pelos manifestantes, que consideram aquelas medidas insuficientes e acusam o primeiro-ministro de não se conseguir impor perante o conselho militar que dirige interinamente o país desde o derrube de Mubarak, a 11 de Fevereiro, depois de 18 dias de protestos.
Muhammad al-Baradai, um dos líderes pró-democracia e putativo candidato presidencial, avisou, num "tweet" colocado no sábado, que «o fosso entre o povo e os governantes está a ficar maior», apelando a uma «resposta rápida e decisiva às exigências da revolução».