Detenção do rapper, que foi condenado a nove meses de prisão, está a gerar protestos em várias cidades espanholas.
Corpo do artigo
Uma manifestação pacífica de cerca de um milhar de pessoas acabou em confrontos com a polícia regional da Catalunha esta noite em Lleida, perto da penitenciária onde está detido um "rapper" condenado a nove meses de prisão.
O protesto, assim como outros em várias cidades espanholas, foi organizado em reação à prisão, na terça-feira, do "rapper" catalão Pablo Hasél condenado por mensagens enviadas na rede social Twitter em que fazia a glorificação do terrorismo e injuriava a monarquia.
13363389
A manifestação começou de forma pacífica e decorreu até às portas do centro Penitenciário Ponent sem incidentes, onde foram cantadas músicas do "rapper" para que ele se desse conta da sua presença, mas pouco depois começaram distúrbios.
Quando os manifestantes se aproximaram da prisão, alguns dos presos inclinaram-se para fora das janelas para gritar "liberdade de expressão", enquanto as pessoas que estavam na manifestação gritavam slogans a favor da liberdade de Pablo Hasel.
Os incidentes começaram a partir das nove da noite, quando os manifestantes ergueram barricadas com caixotes de lixo que foram incendiados perto da prisão, onde havia uma forte presença policial.
Noutras cidades de Espanha, como em Madrid, Barcelona, Sevilha e Granada houve ações de protesto idênticas.
O "rapper" Pablo Hasél tornou-se um símbolo da liberdade de expressão em Espanha, depois de ter sido condenado por 'tweets' em que insultava as forças de ordem espanholas e atacavam a monarquia.
Na segunda-feira de manhã tinha-se barricado na Universidade de Lérida com um grupo de apoiantes, mas a polícia catalã fez uma intervenção na terça-feira para desalojar os barricados e levar Hasél para a prisão.
Os factos pelos quais o 'rapper' foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e homicídios.
Numa das mensagens, escreveu, ao lado de uma fotografia de Victoria Gómez, membro dos Grupos de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro (GRAPO), uma organização considerada terrorista: "As manifestações são necessárias, mas não suficientes, apoiemos aqueles que foram mais longe".
O cantor também acusou o rei emérito Juan Carlos e o filho, o rei Felipe VI, de vários crimes, incluindo homicídio e desvio de fundos.
Na segunda-feira, o executivo espanhol prometeu "uma reforma" legislativa para que os "excessos verbais cometidos no âmbito de manifestações artísticas, culturais ou intelectuais" não sejam punidos criminalmente.