Milhares de manifestantes invadiram o parlamento da Macedónia e agrediram diversos deputados da oposição, incluindo o líder do Partido social-democrata (SDSM), Zoran Zaev.
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Os manifestantes entraram no hemiciclo após ter sido divulgado que o SDSM e os três partidos albaneses com representação parlamentar tinham eleito um novo presidente do parlamento após o final da sessão.
Nesta invasão, o líder do SDSM ficou ferido. Zoran Zaev, líder da oposição de esquerda, tinha o rosto ensanguentado, segundo a agência noticiosa francesa, AFP, no local quando se instalou o caos após a entrada na assembleia dos manifestantes, apoiantes do partido de direita VMRO-DPMNE do ex-primeiro-ministro Nikola Gruevski.
Entre os manifestantes que invadiram o edifício, empunhando bandeiras macedónias e entoando o hino nacional, havia pelo menos uma pessoa de rosto coberto, captada em imagens difundidas por uma estação televisiva local, TV Nova.
Os manifestantes rejeitam a formação de um Governo de coligação entre os social-democratas (SDSM) de Zaev e os representantes da minoria albanesa que atentariam, segundo eles, contra a unidade nacional da Macedónia.
A direita rejeita nomeadamente a ideia de atribuição ao albanês do estatuto de língua oficial em todo o território.
A União Europeia e os Estados Unidos apelaram em vão ao Presidente, Gjorge Ivanov, de direita, para rever a sua decisão de recusar ao líder dos social-democratas (SDSM), Zoran Zaev, um mandato para formar com os partidos albaneses um governo de coligação com maioria parlamentar (67 em 120 deputados).
Eleição do novo presidente do parlamanto contestada
Os sociais-democratas, a União democrática para a integração (DUI) e a Aliança para os albaneses (BESA) anunciaram a nomeação de Talat Xhaferi como novo presidente do parlamento.
O partido do Governo em funções, o conservador VMRO-DPMNE, liderado pelo ex-primeiro-ministro Nikola Gruevski, qualificou esta eleição de "golpe de estado" porque a sessão parlamentar já tinha terminado e pelo facto de ainda não ter sido formado um governo desde as legislativas de dezembro.
Os deputados do VMRO-DPMNE, refere a agência noticiosa Efe, juntaram-se às palavras de ordem dos manifestantes de "traição, traição", e perseguiram os restantes deputados, com muitos a permanecerem escondidos.
Há cerca de dois meses que o Presidente da Antiga República Jugoslava da Macedónia (FYROM), Gjorge Ivanov, recusa fornecer um mandato aos sociais-democratas e principais partidos da minoria albanesa, apesar de os conservadores, que venceram as eleições por maioria relativa, não terem conseguido formar governo.
Ivanov argumenta que uma aliança entre os sociais-democratas e os albaneses poria em perigo a integridade do Estado, e assinalou que esta coligação entre os sociais-democratas macedónios e os partidos da minoria albanesa (25% da população) foi estabelecido através da ingerência do primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama.
Entretanto o Presidente da Macedónia, Gjorge Ivanov, apelou à calma e convocou os líderes partidários para uma reunião na sexta-feira.
"Apelo aos líderes dos partidos para uma reunião comigo, amanhã [sexta-feira], para que possamos analisar a situação e as opções de a ultrapassar", declarou.