Manuel Batista começou a levar e trazer coisas de um lado e de outro da fronteira com Espanha quando era criança. Agora vai contar histórias desses tempos aos jovens, no Summer CEmp, em Marvão.
Corpo do artigo
Manuel Batista tem 84 anos. Confessa que estava a dormir uma sesta na poltrona que tem na cozinha quando o carro que me levou até casa dele apitou à porta, anunciando a chegada. Feitas as apresentações sentamo-nos para que o antigo contrabandista partilhe algumas memórias dos tempos do contrabando.
TSF\audio\2018\08\noticias\29\manuel_baptista_bruto
Nasceu pobre, foi criado em Pitaranha, encostadinho a Espanha, e aos 8 anos começou a andar no contrabando, "em vez de ir à escola, de aprender o número 1 ou a letra A, fui para o contrabando". Até aos 14 anos foi contrabandista. Foi preso quatro vezes. Cruzava a fronteira, "pelo meio das pedras", para levar a Espanha camisas, ceroulas, sabão e sobretudo café. "Levava seis quilos de café e eu dava-lhe [ao Guarda Fiscal] dois para ele não me levar preso. Pedia-me quatro... Eu dizia-lhe: isso não pode ser que depois nem ganho para a bucha."
Muitos anos depois dessas aventuras, Manuel Batista, que é uma figura da região de Marvão, que por estes dias recebe 50 jovens universitários na escola de verão, por ter tantas histórias foi convidado pela Representação da Comissão Europeia em Portugal para o Summer CEmp 2018. Ora, por isso mesmo impunha-se a pergunta: e a Europa, sr. Manuel, para si o que é? "A Europa... Quando a gente começa a ver que vem aí o Euro é que a gente sabe o que é a Europa, até aí não sabia, era o escudo e a peseta."
TSF\audio\2018\08\noticias\29\summer_campo_bruto