Maria Luís Albuquerque com pasta dos Serviços Financeiros: direita aplaude e esquerda quer evitar
A antiga ministra foi anunciada para a pasta Serviços Financeiros, União das Poupanças e Investimentos da Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen
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Os eurodeputados têm visões opostas quanto à nomeação de Maria Luis Albuquerque para a pasta dos Serviços Financeiros, União das Poupanças e Investimentos. Os partidos à direita aplaudem o anúncio da presidente da Comissão Europeia, enquanto os que estão à esquerda querem evitar que a antiga ministra de Passos Coelho fique com esse dossier.
O nome de Maria Luís Albuquerque foi anunciado esta manhã por Ursula von der Leyen, juntamente com o dos outros futuros comissários europeus, que de seguida têm de passar o crivo das audições no Parlamento Europeu, num processo que a Comissão quer ter concluído antes de 1 de novembro.
Para o eurodeputado do PSD, Paulo Cunha, esta é uma "excelente notícia" porque Maria Luís Albuquerque fica com "uma pasta central".
O eurodeputado da Iniciativa Liberal João Cotrim de Figueiredo afirma que esta é uma escolha adequada ao currículo de Maria Luís Albuquerque, com vista ao papel a desempenhar.
Cotrim de Figueiredo considera que toda a comissão acaba por ter um equilíbrio interessante, com os nomes anunciados hoje, mas o liberal sublinha que vai estar atento à espanhola Teresa Ribera em particular na condução da pasta da Concorrência.
João Cotrim de Figueiredo espera que a comissária, que também vai ser uma das seis vice-presidentes executivas da Comissão Europeia para os próximos cinco anos, não traga uma visão curta para essa pasta.
Também o antigo embaixador Tânger Correia, eurodeputado do Chega, considera que Maria Luís Albuquerque "tem capacidades pessoais e profissionais" para o cargo, mas adverte que a futura comissária "está fragilizada" depois da revelação da auditoria das contas da TAP, que abrange a privatização da companhia aérea em 2015, quando a economista tinha a pasta das Finanças no executivo PSD.
Já o Bloco de Esquerda, pela voz de Catarina Martins, defende o chumbo do nome da comissária portuguesa e diz que "tudo farão para impedir que seja Maria Luís a ficar com a pasta dos Serviços Financeiros".
A eurodeputada e antiga coordenadora dos bloquistas sublinha que há "um conflito de interesses" que começou a nível nacional e agora vai verificar-se a nível europeu. "Se Maria Luís Albuquerque não era boa para Portugal, também não é boa para a Europa".
Marta Temido diz estar preocupada com o legado político da futura comissária durante o período da austeridade da Troika. A eurodeputada socialista deseja "a maior das sortes a Maria Luís Albuquerque", mas realça a apreensão do PS.
E o eurodeputado da CDU, João Oliveira, considera que a atribuição dos Serviços Financeiros à dirigente social-democrata só vai deixar feliz os grandes grupos financeiros. Questionado sobre se o nome de Maria Luís Albuquerque vai passar nas audições no Parlamento Europeu, João Oliveira respondeu: "Veremos".