Mark Rutte: “A Rússia produz tantas armas em três meses quanto toda a NATO num ano inteiro”
O secretário-geral da NATO afirma que “felizmente” a primeira administração de Trump “foi bem-sucedida” a pressionar os europeus a investir 2% em Defesa, mas “não é suficiente”
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O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, assumiu, esta segunda-feira, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, que a Rússia, “neste momento”, tem uma maior capacidade de produção industrial de armamento do que todos os países da aliança atlântica juntos.
A título de exemplo, Mark Rutte disse que a Rússia produz “em três meses” tantas armas e munições quanto todos os membros da NATO são capazes de produzir “num ano inteiro”.
Apelando novamente ao investimento em armamento, Rutte reconheceu que, nesse aspeto, a primeira administração Trump até teve um “efeito positivo” ao levar os europeus a investirem mais em Defesa, e alertou que a Europa não estará segura “dentro de cinco anos” se não aumentar rapidamente o investimento e mantiver os níveis atuais.
“O que eu sei sobre Donald Trump e sobre a administração que está a chegar é que foram eles que nos pressionaram para aumentar os gastos com Defesa. Foram bem-sucedidos nisso, e tinham razão. Quero dizer, não gastávamos o suficiente. E agora, felizmente, estamos globalmente perto dos 2%”, saudou Mark Rutte, alertando que “o problema é, claro, que, entretanto, 2% já não é suficiente”.
Rutte recusa comprometer-se com uma percentagem fixa do PIB para reforçar a produção de armamento, mas alerta que a Rússia, neste momento, está mais capacitada do que a NATO.
“Quando olhamos para o que a Rússia está a produzir agora em três meses, é equivalente ao que toda a NATO – de Los Angeles a Ancara – produz num ano inteiro. E não nos podemos esquecer, quando comparamos os números da Rússia, que o que se consegue comprar na Rússia com o mesmo dinheiro é, obviamente, muito mais”, sublinhou Rutte, considerando que a capacidade de produção da Rússia se deve também aos custos de produção muito mais baixos.
“Porque eles não têm os nossos salários elevados, não têm a nossa burocracia, conseguem agir com maior rapidez e, basicamente, criaram uma economia de guerra, com toda a indústria agora focada nesse objetivo”, vincou Mark Rutte.
O secretário-geral da NATO falava no Parlamento Europeu, perante os eurodeputados da Comissão de Assuntos Externos e da Subcomissão de Defesa, tendo considerado que o investimento militar, nos níveis atuais, não garante a segurança da Europa nos próximos anos. Por essa razão, alertou que os países europeus têm de investir sem mais demora.
“Não podemos dar-nos ao luxo de esperar. Estamos seguros agora. Não estaremos seguros daqui a 5 anos. Por isso, temos de começar hoje a gastar mais, a aumentar a produção, a reforçar a resiliência e a apoiar a Ucrânia”, apelou ainda.