O governante dos Países Baixos será o próximo secretário-geral da NATO. Os 32 membros da aliança concordam que o primeiro-ministro holandês cessante é a escolha para suceder a Jens Stoltenberg. Após o apoio da Hungria e da Eslováquia, a Roménia também já confirmou hoje, com Klaus Iohannis a retirar a candidatura
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A confirmação de Rutte significa que a questão da sucessão fica resolvida antes de julho, quando os líderes da NATO se deslocarem a Washington para assinalar o 75.º aniversário da aliança.
Rutte assume a liderança da NATO num momento crítico. O novo cargo terá início a 2 de outubro, pouco mais de um mês antes das eleições nos EUA, que vão moldar o destino da aliança militar. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, atual candidato republicano, prometeu manter-se na NATO, mas ameaçou cortar a ajuda dos EUA à Ucrânia se for reeleito.
Os observadores, no entanto, atribuem a Rutte o mérito de ser um "sussurrador de Trump", segundo o jornal Político, alguém com a capacidade de falar ao ouvido do magnata novaiorquino, graças à sua facilidade de fazer acordos com políticos de diferentes origens, chegando mesmo a merecer o elogio do então presidente dos EUA, quando disse sobre Mark Rutte: "Gosto deste gajo!"
A busca de Rutte pelo lugar de topo da NATO tem sido uma longa caminhada. Tem estado em campanha para o cargo desde novembro passado, embora tebga sido criticado por não ter sido suficientemente ativo na angariação de apoio dos países da Europa de Leste, que questionaram o apoio de Rutte ao projeto russo do gasoduto Nord Stream 2 antes de 2014.
Também não conseguiu, ao longo dos 14 anos em que foi primeiro-ministro da quinta maior economia da UE, fazer com que a despesa holandesa com a defesa atingisse o objetivo de 2% do PIB. Os Países Baixos deverão finalmente atingir esse objetivo este ano, de acordo com os últimos dados da NATO.
Mark Rutte é um historiador, professor e político filiado ao Partido Popular para a Liberdade e Democracia e, desde 2010, primeiro-ministro dos Países Baixos. Fez carreira empresarial a trabalhar para a Unilever, entrou na política em 2002 após ser nomeado para Secretário de Estado para Assuntos Sociais e Emprego no gabinete do primeiro-ministro Jan Peter Balkenende do Apelo Democrata-Cristão (CDA), fruto de um acordo de coligação que garantiu ao VVD vários lugares no governo. Rutte foi posteriormente eleito para a Câmara dos Deputados nas eleições de 2003 e, no ano seguinte, tornou-se Secretário de Estado da Educação, Cultura e Ciência no gabinete do segundo governo Balkenende.
Após as eleições municipais de 2006, que resultaram em grandes perdas para o VVD, o líder do partido, Jozias van Aartsen, anunciou a renúncia e Rutte foi eleito em 31 de maio, liderando o VVD na eleição de 2006; embora o partido tenha perdido seis assentos, tornou-se o segundo maior da oposição.
Sob a sua liderança o VVD ganhou a votação nas eleições de 2010, tornando-se o maior partido na Câmara dos Deputados pela primeira vez na história. Rutte foi empossado como primeiro-ministro dos Países Baixos a 14 de outubro de 2010, sendo o primeiro liberal a ser nomeado primeiro-ministro em 92 anos, assim como o segundo primeiro-ministro mais jovem da história holandesa.
A seleção de Rutte para Secretário Geral da NATO também se segue a um processo moroso que viu o mandato de Stoltenberg ser prolongado quatro vezes. Em 2017, os aliados optaram por prolongar o mandato do secretário-geral até ao final de setembro de 2020. Em 2019, mudaram essa data para setembro de 2022. A invasão da Ucrânia pela Rússia levou a uma nova prorrogação, que deveria terminar em setembro de 2023. Em julho do ano passado, os aliados da NATO concordaram em prolongar o mandato de Stoltenberg como secretário-geral por um ano.