O antigo responsável pela diplomacia portuguesa considera que a presidente do Brasil está também fragilizada na cena internacional e na própria América Latina.
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Martins da Cruz, o antigo responsável pela diplomacia portuguesa considera muito difícil Dilma Rousseff continuar no poder. "A Presidente Dilma, que é ao mesmo tempo chefe de Estado e do executivo, está politicamente manietada", considera o ex-ministro.
"Hoje devia estar em Washington e não vai porque ao deixar o cargo vazio, ele podia ser ocupado pelo vice-presidente, cujo partido abandonou o governo. Ele é provavelmente um dos instigadores desse movimento".
Para o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, Dilma é também uma presidente fragilizada na cena internacional e na própria América Latina. "Na semana passada, o presidente Obama visitou a Argentina, saltando por cima do Brasil, e afirmou que o seu presidente era um líder regional".
Martins da Cruz considera, por outro lado, que o aparecimento de Lula da Silva na cena política "está provavelmente a ser uma dificuldade acrescida para Dilma, em vez de ser uma via facilitadora para terminar esta situação".
O antigo ministro dos Negócios estrangeiros português, que foi agraciado pelo governo brasileiro durante o mandato de Lula, salienta que se está a assistir à desconstrução do governo e do Estado brasileiro e receia mesmo que esteja em causa a democracia no País. "O que eu espero é que haja alternativas políticas por que, se não as houver, podem surgir soluções militares".
O pano de fundo de todos os problemas no Brasil, segundo Martins da Cruz é a corrupção."E ainda só se sabe a corrupção originada pela Odebrecht, que é apenas uma das cinco maiores construtoras do país e as outras ainda não falaram", avisa. "A corrupção no Brasil é generalizada, abrange todos os quadrantes políticos e o que esperamos é que não envolva também o aparelho judicial".